Mostrando postagens com marcador Fernando Pessoa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Fernando Pessoa. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Janelas do meu quarto, 15 anos de blog e uma lista de livros de 2001

"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Houve um tempo...


Houve um tempo no qual bastava qualquer coisa acontecer para desaguar aqui. Avalanches de sentimentos, momentos, viagens, livros, sonhos, inquietações, desejos, pesares escritos dessa forma meio desajuizada, intima, mal pontuada e cheia de erros de grafia tão típicos de mim. Eu poderia culpar os corretores por meus erros, equívocos e esquecimentos, mas seria desonesto, os erros são quase característicos de meu estilo.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Exposição Fernando Pessoa - Uma Coleção


Fernando Pessoa é um dos meus amores literários mais antigos. Desde a adolescência sua poesia faz parte de minha vida de uma forma intensa e profunda, elas são parte do que sou. Ele é daqueles autores que colaboraram de forma muito definitiva com a minha forma de observar, absorver e interpretar o mundo.


Quando eu soube da "Exposição Fernando  Pessoa - Uma coleção" em cartaz no Museu do Estado de Pernambuco simplesmente sentir uma profunda necessidade existencial de ir lá viver a experiencia unica de está entre as coisas dele.

Nunca subi escadaria com tanto animo! o/

Realmente a exposição é muito completa! Contempla a vida do Fernando, com uma linha do tempo linda com fotos da infância, dos locais onde estudou, do seu pai, mãe, irmãos e irmãs, locais onde trabalhou. Até mesmo o primeiro poema do autor, escrito para sua mãe mãe, foi incluso nela.

Família de Fernando Pessoa, mãe, irmãs e o padrasto.
Fernando pequenino, a mãe e o pai que morreu ainda na infância dele.

A linha do tempo foi didática e inclusiva, mesmo alguém que só ouviu falar de Fernando Pessoa ali compreenderia um pouco sobre o poeta e sua tragetória. Eu me senti conversando com ela, mentalmente dizia: "Poxa, isso eu não sabia!" ou "É mesmo!" e "Foi assim!". Adorei as fotos dos parentes dele, me sentir conhecendo a família de um amigo.

Indo para a exposição de fato, devorei com os olhos as revistas, livros, poemas e objetos. Me senti uma fã xereta e enlouquecida. A exposição foi muito completa, facilmente levou fãs do autor a um verdadeiro estado de estase, a mim ao menos levou. Bateu até aquela vontade de voltar na calada da noite... tsc... tsc... tsc... kkkk

Isso é um bom motivo para aprender inglês

Várias edições do livro "Mensagem", no qual se conta episódios da história portuguesa.

Mar Português é um dos poemas mais conhecidos do Fernando Pessoa!


Me emocionou muito reler "Abdicação". Foi um dos meus primeiros grandes encontros com Fernando Pessoa e é um dos poemas mais marcantes de minha adolescência, mais copiados e recopiados em meus diários e cadernos de poesia.


"Tabacaria" é o texto da minha vida. Como descrever esse reencontro com o poema nas paginas de sua primeira publicação? Não há palavras!



Adiamento também é um daqueles poemas da vida sabe... Quem conhece a mim e o meu eterno sono pode até pensar que esses versos foram escritos pensando em mim.

"Tenho sono como o frio de um cão vadio. 
Tenho muito sono. 
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã... 
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir..."

(Fernando Pessoa - Alvaro de Campos)

Além das publicações do autor, a exposição também contou com objetos do poeta como sua mesa de trabalho, maquina de datilografar e óculos.




Vários livros que fizeram parte da vida dele.




Isso sim é um box de luxo!

"Sonetos Escolhidos" de Bocage foi o livro que, segundo Ophélia Queiroz, único amor da vida de Pessoa, tinha no pijama ao morrer, guardado em um envelope de papel.


Por fim, a gente ainda pode se deliciar com uma galeria de vários quadros feitos em homenagem ao poeta. Quem tinha grana podia comprar eles inclusive.


Eu não fui sozinha a exposição. Rosely e Ana, duas amigas de trabalho foram comigo, acho que muitas dessas imagens foram obra da Aninha. Esse foi um ano nos qual nós três nos descobrimos, ou melhor, descobrimos o prazer de desfrutar uma da companhia da outra fora do ambiente de trabalho. Nós exploramos a cidade, visitamos museus, exposições e cinema. Eu já tinha me habituado a andar sozinha, tinha até esquecido o quanto é bom andar com amigas. Obrigada meninas por essa redescoberta!

Eu e a Ana!

Eu e Rosi admirando o box de luxo dos Lusíadas!
Eu e Roses xeretando nos livros!
Essa exposição foi um dos pontos altos do meu ano de 2015. Uma experiencia que eu peço a Deus para jamais esquecer... Uma alegria, um balsamo, um sonhos.... Gostaria de viver várias experiencia assim... Gostaria de qualquer dia desses me vê desembarcando em Lisboa e revendo muita coisa e descobrindo novas sobre Fernando Pessoa. 

domingo, 15 de junho de 2014

Minha estranheza, as tatuagens não feitas e a difícil tarefa de conciliar aparência e essência.

Eu sou uma pessoa estranha, isso é fato conhecido por todos e eu não me envergonho de minha estranheza. Na universidade os meus colegas me chamavam carinhosamente "Esquisitinha!", mas recentemente uma amiga me deu o titulo de "bizarramente contraditória" e foi um elogio. Realmente eu faço metáforas malucas, escrevo e falo duas vezes antes de pensar. Fico mal humorada na segunda-feira. Detesto todas as coisas que predestinam as pessoas, as fazem de bobas e as tornam pouco menos que humanas. Sou cristã, feminista e geminiana. Mudo de ideia vez em sempre, há consenso entre meus amigos de que não sei brincar. E claro que tudo isso é culpa de Sagitário, afinal ele é que faz bagunça no meu mapa astral.

Eu cheguei a um ponto de estranheza gritante a ponto de uma de pessoa me dizer que não pareço com a pessoa que sou. Ou melhor, que a minha aparência estética não releva a pessoa que sou. Eu, honestamente, fiquei me perguntando com constância constante como as pessoas acham que eu deveriam parecer. Recentemente cheguei a uma resposta aproximada quando meu irmão falando sobre uma amiga dele disse que ela, com seu lindo cabelo verde vibrando e tatus mais lindas, ainda fazia tudo que eu queria fazer e não tinha coragem. Nunca pensei que meu irmão achasse que a ausência das tatuagens e a manutenção da cor original do meu cabelo fosse resultado de uma covardia. Talvez não seja.

Na verdade eu gosto da cor do meu cabelo com excesso de comprimento e amo o quanto é fácil cuidar dele, se eu aplicasse tintura nele não poderia me dar ao luxo de passar meses lavando apenas com sabão amarelo sem comprometer seu brilho e sedosidade. Antes de aplicar azul de metileno no cabelo preciso me comprometer espiritualmente com hidratações regulares e uma rotina de cuidados com as quais não estou habituada e não sei se quero está a curto e médio prazo. Em síntese, meu cabelo não é azul eu sou preguiçosa.

Já as tatuagens, aprendi com a Bíblia que algumas coisas, verdades ou desejos profundos devem ser escritos dentro de nós. No livro dos Provérbios está escrito: "Que o amor e a fidelidade jamais o abandonem; prenda-os ao redor do seu pescoço, escreva-os na tábua do seu coração." (Provérbios 3:3). Tenho a impressão que em minha alma há mais coisas escritas que no interior das Piramides de Gize, algumas tão difíceis de decifrar quanto os hieróglifos e eu gosto disso. Em síntese, gosto de ter minhas minhas palavras dentro de mim e não fora.

De certa forma essa imagem de crente acentua mais a minha estranheza e eu tenho um enorme fraco por ela, estou habituada a ela, e de quebra me da o beneficio da duvida. Com esse jeito de irmãzinha tanto passo despercebida quanto posso observar as pessoas que me interessam e escolher se vou me aproximar ou não delas. Claro, também aprecio a ironia, é divertido demais deixar as pessoas tontas com minhas contração bizarra.

Mas, apesar da ironia, da comodidade e de gostar dessa aparência, não por acaso, só pensar em como preguiçosamente mantenho essa imagem de irmãzinha me vem à memória a Tita me dizendo o quanto é boa ideia de deixar de vestir essa roupa confortável, essa farda, e assumir a imagem do que sou, conciliar a aparência com minha essência.

Só de pensar nisso, um velho soneto de Fernando Pessoa que escrevi há mais de uma década na minha alma começa a queimar como se tivesse sido escrito ontem. Repentinamente compreendo o quanto conciliar aparência e essência, no meu caso, tem haver com abdicação e abdicar pode ser até libertador, mas não é fácil de começar.

Atualmente, tal como Fernando Pessoa, embora talvez em graus mais modestos, "atravesso uma daquelas crises a que, quando se dão na agricultura, se costuma chamar "crise de abundância"¹ e me sinto como se estivesse a caminho de casa atordoada com um perigo de uma chuva que está por vim. E, talvez, meu irmão esteja certo, e eu ainda não tenha encontrado a coragem para abdicar de certas coisas e dizer tal como Fernando Pessoa disse em 1913:

"Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho... eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia."

________________________

¹Carta de Fernando Pessoa ao amigo Mário Beirão, em 01 de Fevereiro de 1913  "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação", Ed. Ática. Disponível em: http://www.insite.com.br/art/pessoa/misc/carta.mbeirao.php

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Leituras simultâneas...

Como sempre estou lendo dois ou mais livros ao mesmo tempo... Embricada entre vários mundos paralelos ao meu. Sim, eu já tentei ficar no meu presente vinte quatro horas por dia, sete dias por semana, todos os dias do mês... o ano inteiro com pretensões de seguir pela vida e então eu acordava, olhava em volta "e o mundo era a terra inteira,  mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido" e eu voltava a precisar dos meus chocolates literários.

Atualmente as leituras que mais chamam minha atenção são velhos moradores de minha estante: "O príncipe e o mendigo" do Mark Twain, "Eu, robô" do Isaac Asimov e "A tormenta das espadas" do George R. R. Martin... Os três juntos formam uma sopa em minha cabeça e me deixam anestesiada desse "sono íntimo do que cabe em mim".

O Mark Twain, autor do século XIX, tem me surpreendido muito em sua excursão pelo século XVI. Tenho a impressão que ao enveredar pelo passado ele conseguiu falar muito bem sobre seu presente. Muito interessante o retrato da pequena infância carente pintado por ele. A família do Tom, o mendigo que por uma série de coincidência vai usurpar por um tempo o lugar do Príncipe de Gales, é um retrato pouco romântico e bem realista de uma família pobre do século XIX, ele me lembra muito "A Situação da Classe Trabalhadora na Inglaterra" de Friedrich Engels.

Outro autor cuja lembrança me vem a mente quando leio "O príncipe e o mendigo" é o Lord Dumas. De alguma forma acho a escrita de ambos parecida, cada capitulo tem uma história que fecha em si mesmo com um final antevendo reviravoltas prendendo o leitor. Por outro lado a visão que os autores possuem da realeza é completamente oposta. 


Twain ver príncipes e reis com certa generosidade exaltativa [essa palavra existe?], Dumas com uma ironia zombeteira. O príncipe de Twain é um menino culto, falante de vários idiomas, preparado para governar, sua corte é como um corpo do qual ele é a cabeça e sem ele nada funciona. O Rei de Dumas é um homem cujo comportamento lembra um menino mimado, caprichoso, infiel, um boneco de sua corte guiado pelo cardeal ou por outras pessoas. Eu adoro o humor zombeteiro de Dumas, eu amo o retrato do lado b de Londres criado pelo Twain.

Já o "Eu, Robô" do Asimov é um livro carregado de ternura. Uma leitura que flui como um rio. Cada página lida gera um encantamento diante da genialidade desse autor. Ele não é nada menos que MARAVILHOSO. Consegue ser brilhante, generoso e divertido. Estou curtindo muito essa leitura.

Talvez pela breve introdução esclarecedora do Jorge Luiz Calife, para mim tem sido impossível não pensar muito no monstro de Frankenstein. Eu sou totalmente fã do "Mostro" é um dos seres mais carentes de amor, desamparados e injustiçados por seu próprio pai já inventados dentro e fora da literatura. Acho o doutor Victor Frankenstein simplesmente asqueroso.

Apesar de achar a Mary Shelley incrível e sempre me impressionar em como já tão jovem ela era tão culta, brigo com ela em cada linha na qual ela exalta "as boas qualidades" do Dr. Frankestein e as vezes me pergunto se todas as virtudes dele não são boas ironias. A única coisa de boa no Victor Frankestein é sua cultura, seu conhecimento cientifico e criatividade impressionante.


Em síntese, os robôs de Asinov me provocam a mesma ternura que o "Mostro", eles amam a humanidade e querem se aproximar dela enfrentando sempre a dureza do preconceito, da incompreensão e do medo. As vezes tenho a impressão que Asimov tinha um sentimento semelhante ao meu em relação a criatura de Frankenstein e seus robôs queridos recebem o reflexo desse amor através das três leis da robótica. Pena que a humanidade não consegue confiar nas maquinas que ela mesma criou e condena suas criaturas a fins trágicos.

Por fim, sobre o terceiro livro de minha atual saga por outros mundos, o "A tormenta das espadas", volume 3 das "Crônicas do Gelo e Fogo" do sacana do George R. R. Martin, preciso dizer: através dele tenho me reconciliado com a Daenerys. Ela tem sido tão humana em suas decisões! Tão justa! Tem saído do lugar de menina de boa vontade para mulher de boas decisões e ações. Até aqui ela me incomodava em vários momentos, mas agora me pergunto se meu sentimento por ela não tinha um que de magoa pelo Drogo.

Além da Dani, continuo morrendo de amor pelo Tyrion, além de ser o único personagem intelectualizado capaz de se interessar francamente por mulheres comuns, demonstrou misericórdia pela Sansa Stark... E, além dele, o Jaime Lannister também anda ganhando espaço em meu coração... Nunca pensei que isso fosse possível, não tenho nenhum fraco por loiros de olhos azuis,  mas... o Jaime está mudando... está virando um homem de verdade.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um encontro com um amigo querido!

Interrompendo a programação oficial desse blog para Agosto - programação essa que talvez se estenda por Setembro - preciso dizer que encontrar amigos queridos são daqueles pequenos prazeres que fazem a vida valer a pena e podem resgatar a bem aventurança de um dia difícil.

Por exemplo, sexta-feira foi um dia tenso na minha vida de educadora infantil, cheio de pequenos inconvenientes inconfessáveis em qualquer rede social... Afinal, como já disse uma vez a querida Marise do Filial de Marte, hoje a internet é vitrine e não um buraco negro nos qual podemos gritar a vontade. Posso dizer apenas que sai depois do meu horário deixando para trás uma gestora muito irritada.

Aparte o terror do dia, a tarde de sexta foi premiada pelo encontro há muito agendado e eternamente adiado com o Alexandre. Marcamos na frente do Passo Alfandega para posteriormente dar uma olhadinha em dupla na Cultura.


Uma peculiaridade do Passo Alfandega é que a Prefeitura da Cidade do Recife há alguns anos decidiu colocar na frente dele a estatua de Ascenso Ferreira, um poeta recifense muito querido por mim desde os tempos de adolescente.


Ele é autor de um dos poemas mais geniais que conheço, sei decorado, mas nunca consigo praticar:
Hora de comer, - comer!
Hora de dormir, - dormir!
Hora de vadiar, - vadiar!
Hora de trabalhar - Pernas pro ar que ninguem é de ferro!
(Ascenso Ferreira)
Como cheguei antes do Alexandre fiquei ali sentada ao lado do querido Ascenso, fitando o curso do Rio Capibaribe e pensando:
"Que a vida passa...
(...) Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses."
(Fernando Pessoa)
Acabei tirando fotos do Rio Capibaribe com esse meu jeito improprio para tirar fotos e essa minha câmera barata que eu adoro!


"Ó macio Capibaribe ancestral e mudo, pequena verdade onde o céu se reflete!" Não tem jeito, normalmente eu lembro muito de Fernando Pessoa quando paro na frente do Capibaribe e na maré alta de agosto e com esse vento todo então nem se fala. Ah, também lembro do Salmo 46:
"Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo."
(Salmo 46:4)
Um rio realmente alegra o coração de uma cidade e mesmo o Capibaribe não sendo divino ninguém poderá dizer que ele não é limpo... A julgar pela quantidade de rins pelas quais essas águas já passaram, passam e ainda passarão devem ser limpíssimas!

Enfim, parando de devanear, depois que o Alexandre chegou e interrompeu meus devaneios fomos para a Cultura que nem merece essa propaganda gratuita, mas... é um espaço tão bom quanto qualquer loja de fast food.


Conversamos em uma tentativa frustrada de colocar a conversa em dia e trocamos presentes.


Ele me presenteou com uma edição de Crepúsculo e ganhou uma edição de Bordados. Ironicamente, embora os textos sejam tão diferentes no estilo, na forma e no conteúdo, ambos são textos escritos por mulheres que falam de forma direta ou não de experiencias delas, são histórias incrivelmente femininas. Pensar nisso me lembra uma fala de Angela Carter a respeito das muitas mulheres que contam histórias e são personagens de história:
"Por mais que no fundo sejamos irmãs, isso não significa que temos muito em comum.". (Angela Carter_103 Contos de Fadas_p. 18)
Ah, o Alexandre fez uma dedicatória afetuosa para mim:


Nós tentamos tirar uma bonita foto juntos:


E no final, antes de pegar o ônibus e voltar para casa, ainda tirei mais uma foto do Capibaribe em um inicio de noite de sexta-feira.


sexta-feira, 28 de junho de 2013

Noite de São João...

Desde maio eu voltei a trabalhar na creche e passei a prestar serviço para a prefeitura de Recife como professora de uma escola municipal na qual leciono História, História do Recife e Ensino Religioso. Em síntese: tenho tido dias longos, loucos, meio improváveis, as vezes sinto um dia se tornar uma vida inteira...

Hoje comecei a vida com crianças de três anos, livros infantis, massa de modelar, papas, melancias, banhos, colchões, lençóis, almoço - "Se não comer não ganha suco!" -, higiene bucal, sono, para eles e elas, para mim não...

Depois que eles e elas dormiram eu corri para cima de moto rumo ao mundo do sexto ano com a pré-história e pinturas rupestres no Parque Nacional da Serra da Capivara; das demandas dos adolescentes agitados, indisciplinados, agressivos, carentes de tudo do sétimo ano e da arte de tentar equilibrar todos os conflitos para falar da Idade Média antes que o sinal toque para o intervalo; e dos dois nonos anos onde todos os habitantes da América Pré-colombiana parecem olhar para mim esperando com a paciência única dos mortos para ver como faço para resolver o alvoroço dos alunos, a forma como a sala está de cabeça para baixo e ainda assim encontrar tempo para falar sobre eles.

Não, um dia não é uma vida, o dia é mil vidas. A minha, a dos alunos e a de todos os mortos que precisam ser invocados nas aulas de história!

Enfim, depois de tudo, quando finalmente comecei a trilhar o caminho que me traz de volta para casa eu encontrei com várias fogueiras acesas. Amanhã é dia de São Pedro e aqui, nos bairros de subúrbio do Recife, essa tradição persiste. A frente de uma casa a folgueira já estava com o fogo alto dançando no ritmo do vento de cidade litorânea, em outra uma criança soltava bombinhas, mais a frente havia pessoas bebendo algo alcoílico e comendo comida de milho... e tantas outras cenas...


Me ocorreu que acontecia algo como uma "noite de S. João para além do muro do meu quintal" e "do lado de cá" estava "eu sem noite de S. João" contando apenas "com uma sombra de luz de fogueiras na noite, um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos e um grito casual de quem não sabe que eu existo".

Ando meio melancólica por esses dias, tentei omitir isso desse espaço, afinal um diário/blog é feito de memória e esquecimento e sempre se pode esquecer de momentos tristes... Mas, em perspectiva eu sinto que vou gostar de lembrar dessa noite melancólica noite de São Pedro e da poesia de Fernando Pessoa que o Vitor Ramil musicou tão lindamente. Deixo aqui o registro do momento, do poema e da música.


Noite de S. João

Noite de S. João para além do muro do meu quintal. 
Do lado de cá, eu sem noite de S. João. 
Porque há S. João onde o festejam. 
Para mim há uma sombra de luz de fogueiras na noite, 
Um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos. 
E um grito casual de quem não sabe que eu existo. 

Alberto Caeiro, In: "Poemas Inconjuntos" 
Heterónimo de Fernando Pessoa

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Do companheirismo do gato!

"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só."
(Fernando Pessoa_Alberto Caeiro)

Eu adoro esses versinhos do Fernando Pessoa, é minha definição de amor favorita... Especialmente porque tem aquele pensamento do Dom Helder Câmara do qual sou adepta até o fim.

"É possível caminhar sozinho. Mas o bom viajante sabe que a grande caminhada é a vida e esta supõe companheiros. Companheiro, etimologicamente, é quem come o mesmo pão."
(Dom Helder Câmara)

E de todas as coisas que eu gosto no terrível, mal humorado, orgulhoso e pouco afeito a chambrego, carinho e derivativos Batatinha é o fato de que ele é um grande companheiro.


Madrugada a dentro, eu no meio de meus papeis sem fim tentando ajeitar as ideias para escrever a dissertação, uma angustia que é difícil demais de mensurar, uma solidão de maltratar a alma... Então o Batatinha vem e escolhe se ajeitar justamente no meio dos meus papeis bem próximo a mim. A câmera estava perto e eu fiz contorcionismo para tirar essa foto de nós dois.

Companheirismo simples, sem muita explicação, sem muita apelação. Coisas que só o Batatinha sabe fazer!

E eu só preciso lembrar de ter cuidado para não ficar de alisadinho, porque ai quebra o clima, o Batatinha detesta alisadinho!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 2012: Dia 22 – Cite 3 escritores que você gosta.

Esse negócio de citar três é complicado!!! São tantos escritores que eu me pergunto como pode haver tantos!!!

Mas vamos tentar chegar a três nomes e que os outros não se sintam chateados.

Machado de Assis, fez parte de minha adolescência e toda vida adulta. É simplesmente maravilhoso e tem um texto que nunca envelhece ou deixa de nos surpreender. Quanto mais leio "Memórias Póstumas", "Dom Casmurro", "Helena" e etc... mais encontro coisas que não percebi na leitura anterior. Quanto mais conheço o Machado, mais ele me mostra que ainda não conheço e tenho algo dele a conhecer.

Fernando Pessoa, é seminal em minha trajetória de leitora e ser humano. Sou mil e uma vezes apaixonada pelo Pessoa e todos os seus "eus". Claro, uma geminiana legitima de fabrica só podia ser fã de um autor que "multiplica-se para se sentir" e mais que mudar de ideia muda de eu por inteiro enquanto escreve.

Terry Pratchett, engraçado, divertido, irônico, acido quando precisa ser, genial. Eu sou apaixonada por esse inglês.


O Meme Literário de Um Mês 2012 é  coisa saída diretamente do Happy Batatinha.

PEQUENOS AVISOS

Por esses dias vou está fora de Recife, mas as postagens do Meme já estão todas programadas.

A parte isso, lá no Escritos Lisérgicos o Christian está propondo uma  Blogagem Coletiva sobre lendas urbanas, caçando livros para liberar acabei encontrando minha edição de Assombrações do Recife Velho de Gilberto Freyre e acabei decidindo disponibilizar minha edição para ser sorteada entre os participantes.

Quem gosta de contar histórias de terror ou conhece uma lenda urbana e quer torna-la conhecida de toda blogosfera, sinta-se convidado a participar.

Clique na Imagem e confira a Ideia!

sábado, 20 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 2012: Dia 20 – Cite 3 livros especiais na sua vida.

Citar três livros especiais é osso néh!!! Desde que aprendi a ler aos sete anos e descobri o mundo foram e vieram muitos livros especiais, tantos que é difícil escolher apenas três.

Pegar três para falar pode até deixar os outros com ciúmes... OoOoOoOoOohhh que dor!!!

Mas vamos lá tentar!

O primeiro livro especial a é a BÍBLIA, não só por sua relação com minha fé, mas por ter me acompanhado desde sempre.

Lembro de quando comecei a aprender as letras e do meu exercício lúdico de ir abrindo a Bíblia do meu avô e consegui identificar o N, o A, o L, o G, lembro de ler as palavras "Gêneses", "Números", "Lucas, "Mateus", "Jesus", que também se escreve com J, que era a minha letrinha!

Também tive a oportunidade de frequentar a Escola Dominical e a casa do meu Avô, locais nos quais tive a oportunidade de conhecer as histórias de Gênese, Êxodo e do Novo Testamento e fui incentivada desde cedo a construir a pratica da leitura do texto sagrado para  conferir com meus olhos se o que ouvia realmente estava escrito, ou seja, mesmo se hoje ou amanhã eu venha a deixar de crer tenho sempre o dever de admitir o papel importante da Bíblia no meu processo de letramento ou alfabetização.

O segundo que não posso deixar de citar é o "Ulisses entre o amor e a morte" do piauiense Orlando G. Rego de Carvalho. Esse livro participou ativamente de minha formação como leitora. Ele chegou aqui  por volta de 1996, veio na mala de meu pai, nessa época ele trabalhava em uma empresa de ônibus interestadual fazendo a linha Recife - São Luiz com escalas por Teresina e ganhou de um passageiro a edição que ilustra a foto em perfeito estado e com dedicatória que eu apaguei com corretivo. #EraBurra

Não sei explicar porque curti o texto, mas curti, estava e está claro que o texto de Orlando não é para crianças, mas eu li e reli muitas e muitas vezes esse livro ao longo desses 26 anos de vida.

Como podem ver o livro está detonado, eu não fui uma criança cuidadosa, mas acreditem ele tem até sorte, muitos dos meus livros nem sobreviveram a minha adolescência.

E por ultimo, mas não menos importante, cito o inesquecível "O eu profundo e os outros eus" do Fernando Pessoa. Já falei muito sobre ele nesse livro aqui, acho que ninguém aguenta mais ler a respeito, então não vou me alongar, quem me conhece sabe.