segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sobre muros...


Outro dia eu tive que refazer o percurso que eu costumava fazer diariamente para ir ao trabalho e um muro me chamou minha atenção porque ele não estava lá há um ano atrás e ele cercava justamente a casa de uma das pessoas com a qual mais fiz amizade ao longo dos 5 anos que passei trabalhando na creche. Uma senhora idosa que costumava sentar na frente de sua casa na mesma hora todos os dias para aproveitar o vento, ver a paisagem e quem passava.

Com o passar do tempo nós duas percebemos que uma sempre passava e a outra sempre estava ali sentada... Então passamos nos reconhecer com um sorriso que passou a um cumprimento dando lugar com o dias, semanas, meses, anos, ao habito de papear. Nas minhas férias da faculdade nós chegamos a ver o sol se por em meio a nossa conversa e isso era muito bom.

Amor, crianças, saúde, vontade de viver eram temas recorrentes em nossas conversas. Aos poucos nós fomos contando uma a outra a nossa vida, nossos dilemas, problemas, buscas por soluções, sonhos, doenças e curas, amores bem sucedidos e mal sucedidos também.

Eu confesso que nunca conheci ninguém com mais amor a vida que essa minha amiga cujo nome eu não conto porque nunca perguntei! Cinco anos de papo e nós nunca nos preocupamos de perguntar coisas uma a outra, a conversa fluía tão naturalmente que nem ela jamais perguntou meu nome nem eu o nome dela.

Minha amiga está além dos 70 e convive com todos os males da idade, tomando medicação diariamente, seguindo uma dieta rígida sem açúcar, sem sal, sem gordura, sem nada, e ainda assim com animo, gostando de viver, achando que vale a pena o estrago. Sem se lamentar pelas dores que se foram ou pelas as que vieram, sendo ainda capaz de sentar na frente de casa para ver o tempo passar em um fim de tarde.

Sei lá, aquele muro alto cercando a casa de minha amiga me causou um certo mal estar. Me fez pensar nos  muitos muros que existem em nossa volta aos quais esse se soma pesadamente, ao menos para mim.

Acabei lembrando dos versos de Robert Frost que aprendi com um dos meus companheiros de virtualidade, o Rafael, "Alguma coisa existe que não aprecia o muro" e nessa lembrança acabo pensando que, talvez, boas cercas não façam bons vizinhos. Acho que boas cercas fazem apenas bons estranhos.

Digam o que disserem sobre segurança ou insegurança, privacidade, cães selvagens, terrores noturnos ou o inferno e suas legiões, talvez se aquele muro estivesse ali há seis anos atrás eu não tivesse conhecido uma das personagens que mais marcaram a história dos meus 20 poucos anos e seria um ser humano muito mais pobre.
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P.S.: A proposito de muros, acabei de lembrar de um texto de Neil Gaiman e Dave Mckean que li em Sinal e Ruido, para quem gosta eu deixo aqui...


Vier Mauer
Neil Gaiman e Dave Mckean

ABERTURA

"Alguma coisa existe que não aprecia muro."
Robert Frost escreveu isso, mas também
sugeriu no mesmo poema, "Muro Remendado",
que "Boas cercas fazem bons vizinhos",
então o que podemos dizer?


A PRIMEIRA PAREDE

Tento imaginar quem construiu a primeira
parede. O que ele tinha em mente. Ou ela.
Proteção? Privacidade? Ou outra coisa.

Construímos nossas civilizações com
paredes, que nos dão abrigo e fortaleza.
Mantêm distantes "os outros": as
intempéries, os animais selvagens,
as pessoas que são diferentes. Ao nos dividirem, as paredes nos definem.

As paredes separam as pessoas;
e não só as paredes que construímos.
Talvez as mais assustadoras sejam aquelas
que somos capazes de ver, mas
em cuja existência acreditamos.

A SEGUNDA PAREDE

Eu tive um sonho a respeito disso quando
era pequeno.

No meu sonho havia uma nota, uma nota
musical, um som; e quando ela era tocada todas
as paredes começavam a ruir. E todas as pessoas
de todos os lugares podiam ver...

Podiam ver umas as outras, fazendo as coisas
que as pessoas fazem entre quatro paredes,
Ninguém tinha mais onde se esconder.

Então acordei, e nunca soube se não ter nenhuma
parede era uma coisa boa ou ruim. Não ter onde
se esconder, poder ir a qualquer lugar; sem
fingimento, sem proteção, sem segredos.

A TERCEIRA PAREDE


Disseram-me que a Grande Muralha da China é a única construção
humana na superfície da Terra que pode ser vista do espaço.

Eu nunca vi a Terra do espaço. Não conheço ninguém que tenha
feito isso.

Só vi as fotografias.

Disseram-me que, daquela distância, é muito difícil diferenciar um
país do outro. Era de esperar que eles fossem coloridos, como nos
velhos mapas da escola.

Assim todos diferenciariam.

A QUARTA PAREDE


Quando ouvir dizer que o Muro de Berlim caíra, minha primeira reação foi de
alívio; mas então eu pensei: e se existisse uma jovem que passou anos - metade de
sua vida - pintando naquele muro?

Pintando uma mensagem, ou uma imagem.

Se todas as manhãs ela se levantasse bem cedo, fosse até lá e pintasse um ou
dois traços no muro. Todos os dias, na chuva, no frio, as vezes até no escuro.
Era o seu grito contra a opressão. Seu protesto contra o muro.

Ela estava quase terminando quando o muro foi demolido.
As pessoas poderiam ir e vir livremente. O muro contra o qual ela protestava
não existia mais, assim como sua criação, desfeita em pedaços, vendida a um
colecionador particular.

Tento imaginar como ela se sentiu. Espero que não tenha ficado desapontada.

Eu teria ficado.

ENCERRAMENTO


Talvez devêssemos olhar além das paredes.

Escutem: pintores, escritores, músicos, cineastas e grafiteiros que pintam
frases que brotam como flores luminosas nas laterais de construções
abandonadas - todos vocês.

Existe uma quarta parede a ser demolida.
Governos e autoridades vivem afirmando que boas cercas fazem bons
vizinhos, e aumentam a vigilancia nas fronteiras em um esforço para nos
deixar felizes da maneira como estamos.

Mas alguma coisa existe que não aprecia o muro, e seu nome é
humanidade.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Blogagem Coletiva: ESPIRITUALIDADE!


O Christian do Escritos Lisérgicos propôs essa blogagem e eu resolvi tentar falar sobre esse campo fundamental da minha vida.

Confesso que nos últimos tempos não tenho sido nem um quinto do quarto da cristã que gostaria de ser, estou muito distante do meu ideal de pratica cristã, desde abril deixei de frequentar a Escola Dominical e levando em conta que eu era a professora mais antiga em exercício daquela igreja local especifica imagine até que ponto vai a minha atual crise existencial.

Mas, minha crise existencial diz respeito a minha igreja local, a minha denominação, Assembléia de Deus, ministério de Recife sob a tutela do Pastor Aílton José Alves (cito nomes pois existem muitas Assembleias de Deus e meu problema é especifico e não genérico) e aos caminhos que vem sendo escolhidos pelo meu pastor presidente e não em relação a Deus. No entanto, como tudo isso faz parte dos caminhos da religião resolvi não omiti esse capitulo do livro "Espiritualidade da Pandora".

No mais, se a minha crise com a minha denominação igreja local é latente, em relação a minha fé confesso que dúvidas me faltam.

Sou Cristã, a Bíblia é meu livro de fé e a parte as muitas questões levantadas pela ciência penso que a fé não precisa de explicações cientificas para ser, assim como a ciência não carece de justificativas de fé para existir.


Algumas pessoas me questionam em relação ao fato de ter me graduado em História e permanecer sendo uma pessoa de fé, mas aprendi ao longo de minha formação que a ciência é o lugar da dúvida, a ciência, não se constrói com certezas, o cientista duvida de tudo e é assim que nós descobrimos coisas e construímos conhecimentos a cerca da realidade e quando esse conhecimento se transforma em certezas acabou a ciência e virou uma forma de fé.

Já a fé não, a fé se constrói baseada em certezas, em crenças firmes. O fiel não vacila, ele crer no seu livro, como cristãos, judeus e muçulmanos, ou na narrativa passada de pai para filhos, como no caso do candomblé, umbanda e etc. Não há espaço para duvidar ou você crer ou não. Quando você começa a duvidar da sua fé é sinal que você a perdeu e está no caminho de achar outra ou não achar.


E sim, eu penso que fé e conhecimento cientifico podem correr caminhos paralelos e um não precisam se justificar mutuamente ou se deixar provar em pelejas eternas a respeito de sua veracidade.

Nenhum historiador precisa me dizer que a Bíblia é verdadeira para que eu creia nela. Assim como nenhum pastor precisa me dizer que minhas fontes não contam toda a verdade sobre o passado, elas apenas me dão pistas sobre o que houve e que a ciência é falha em suas conclusões e desse jeito eu nunca vou chegar a uma Verdade, porque isso é uma obviedade.

Bem, a beleza da fé é a certeza e a beleza da ciência é a duvida. Então está Ok! que eu creia na Bíblia mesmo sem conseguir provar cientificamente que uma consciência superior forjou cada linha, até porque ciência não prova nada em caráter definitivo, no máximo ela estabelece consensos.


Assim como está ok que a ciência não vai me dar verdades através das quais eu possa viver e nem precisa. Deus me proteja de me tornar uma historiadora cheia de verdades, no máximo eu quero me tornar uma historiadora cheia de conhecimentos a cerca do passado e de dúvidas que me façam uma eterna pesquisadora sempre intrigada por conhecer novos aspectos a respeito da vida dos que viveram e morreram antes de mim e do mundo que eles nos deixaram como herança.

Para concluir, lembrei de um texto que escrevi a quase dois anos atrás chamado "Preciso falar de fé" esse texto continua exprimindo a minha verdade em relação a fé e talvez por isso, por ter fé, eu precise ressaltar para finalizar que nessa área RESPEITO com letras maiúsculas nunca é demais. Ridicularizar, fazer chacota, inferiorizar a fé alheia é um ato de violência injustificável.
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quarta-feira, 4 de julho de 2012

A escadaria, a desastrada, o guarda-chuva e o anime: sobre Another!

Como a Caixa não é um blog assim voltado para animes a Pers, também conhecida como Mi (ou Michele Lima para os não íntimos) abriu espaço para mim em seu Um pouco de shoujo, hoje estou lá falando sobre Another e quem curte anime e quiser da uma olhada é só clicar e sentir-se em casa!!!

Ah, quem não curte anime e quiser conhecer o que a escadaria, desastrices e guarda-chuva tem haver com essa história também está devidamente convidado e corre o perigo de até ri com essa história.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Meu romantismo combina com chapéus!


Quando a Irene falou da blogagem sobre chapéus eu tive a ideia na hora de falar sobre o romantismo que os chapéus me inspiram, mas cometi o erro de não transformar a ideia em ação e perdi o dia da postagem. No entanto, mesmo passada a data eu ainda quero falar disso.

Em dez entre dez dos meus sonhos românticos quando o príncipe encantado aparece eu estou com a minha melhor cara de heroína de romance da Jane Austen com um lindo chapéu não tem jeito. Tanto que um dia desses em uma loja de conveniência uma amiga minha flagrou em um clique um desses momentos voadores.


Saca o sorriso bobo de quem ta se sentindo a Elizabeth Bennet! Pois é, a pessoa ler uma penca de romances açucarados e fica assim boba só porque colocou um chapéu rosa na cabeça!!!

Enfim, para não ficar só com minha cara de boba sonhadora mostro algumas das personagens de Jane Austen, todas com seus chapéis mostrando que meus devaneios não são tão infundados assim!


Elizabeth Bennet, de Orgulho e Preconceito!


Emma, que é mimada de doer, mas é a mais fofa das heroínas.


Anne Eliot, a minha preferida atualmente.


As irmãs Marianne e Elinor Dashwood


As irmãs Bennet no filme Orgulho e Preconceito.

Bem, esse post deveria ser parte da "Blogagem Coletiva: O Mundo dos Chapéus" proposta pela Mamyrene em comemoração aos seus três anos.

domingo, 1 de julho de 2012

Com o pé em casa!!!

Antes de começar esse post tenho que agradecer aos meus companheiros de virtualidade pela força que sempre me dão nesse processo de produção e escrita da dissertação a pós não seria a mesma sem o apoio... Sempre que compartilho uma angústia aqui recebo apoio de vocês e isso é muito bom!

Há momentos nos quais temos a faca e o queijo nas mãos, mas ainda assim nos falta um apoio para fazer o serviço ai precisamos de amigos para da aquele empurrão básico, aqui entre os mares da virtualidade eu vez em sempre encontro esse apoio básico. #Obrigada

Sim, voltando ao trabalho, a apresentação foi ótima, eu fiquei um pouco nervosa, como de praxe, mas tudo correu muito bem. As professoras que coordenavam as apresentações eram da Universidade Federal da Paraíba. Elas elogiaram meu trabalho e um grupo de alunas da UFPA que pesquisa o mesmo tema veio ver minha apresentação e nós conseguimos trocar idéias. Como é bom encontrar pessoas com as quais a gente compartilha interesses néh?!?!

Mas, o ponto alto da minha ida ao Piauí foi decididamente o encontro com a Vaneza com Z, depois de cumpri meus compromissos acadêmicos cheguei na pousada pulando, arrastei minha mala e fui embora para Parnaíba ser recebida pelo seguinte cartaz:


A parte o fato dela ter dito posteriormente que eu sou mais baixinha do que ela esperava e eu ter ouvido por trás dessa frase um "e também mais gorda!" o encontro foi ótimo.

Desvirtualizar uma amizade é uma experiência intrigante, em questão de minutos você compartimenta em um corpo quilômetros de conversas, sonhos conjuntos, compreensão mutua construída longe da concretude da vida cotidiana e próxima ao coração.

É muito bom encontrar alguém com quem você compartilha sonhos e pesadelos por tanto tempo e compartilhar com essa pessoa além da cumplicidades das confidencias trocadas por e-mail e blogs o calor de um abraço, a alegria dos sorrisos, a dor das lágrimas, a expectativa da chegada, a angústia da despedida e a promessa de um reencontro.

E sim, eu estou falando da Vaneza e não do Wolverine com o qual apareço na foto! Mas gente ele néh lindoooo!?!?!? Pessoalmente é mais eu juro!!! Deu vontade de trazer comigo na mala, mas a Vaneza não ia achar essa ideia legal, afinal ela também tem um vinculo afetivo com esse lindo!!!

Enfim, conhecer o Piauí foi ótimo! E essa Pandora voltou com para casa com a mala super cheia!

Cheia de livros, adquiridos na universidade abordando aspectos de meu interesse sobre o Piauí:


Cheia de versos sonoros que escuto agora através dos cds do Validuaté. Mesmo a Vaneza sabendo que não sou bem um animal musicalizado, assim que entrei em sua casa ela me deu esses dois cds:


Cheia de risos, como os que nasceram quando vi esse cartaz:


Gente só uma pessoa com TOC mesmo para corrigir pessoalmente o cartaz dos outros! Sim essa crase foi posta ai pela Balzaquiana com Z e eu tive que fotografar! #AnaPodeRir


Mas, talvez o que mais ocupou espaço na minha mala tenha sido os sonhos que essa Pandora compartilhou com aquela Balzaquiana enquanto caminhavam olhando o sol se por em uma praia localizada bem a esquerda do Paraíso.


"Já é tempo de sair do lugar
Já é tempo da tristeza acabar
Já é tempo de sair do lugar
Já é tempo da alegria girar
Pra ver se fica bem"