segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Segunda-feira!!!



É, pois é, néh?!?!? Fim de férias... De volta a rotina de todo dia... Acordar cedo, dormir tarde... Ler o que eu não quero... Minha vida estava tão boa... Trabalho de meio expediente... o resto do dia livre... acorda a hora que quer...

É, mas o ano letivo começou e a primeira segunda-feira chegou com tudo... Eu gosto do meu trabalho, mas também estava gostando das minhas férias \o/


E sim, eu detesto Segunda-Feira! Pense em um dia que me da até uma angústia... 

Eu concordo com o Garfield, o ar da segunda da alergia, já acordo sufocada, angustiada, tudo de novo, as mesmas mães ignorantes, as mesmas mães que pensam que você é uma idiota, a mesma gestora insuportável, as mesmas dificuldades de estrutura, o mesmo salário triste...

Depois Rafa pergunta pq o despertador do meu celular é They Say. É tão óbvio, meu mal-humor matinal precisa desse tônico, depois eu vou no ônibus escutando Sérgio Lopes para ter paciência e Cazuza, pq... ah, pq eu gosto de escutar Cazuza.


E sim, é preciso ter muita paciência para aguentar o aperto, as cutuveladas na cara, a péssima qualidade do transporte urbano, o calor matinal, aquele congestionamento monstro de todo dia, alguém que sempre acerta o foco da dor do meu ombro...

Uma vez alguém me disse que eu devia ficar feliz, afinal "eu tenho ombro pra doer, tenho emprego, não sou apenas eu que sofro no transito, no ônibus...no aperto...".


Tudo verdade!!! Só que na segunda, jogo do contente não dá, não consigo da uma de Poliana no primeiro dia da semana... a partir da terça a coisa já melhora, mas na segunda... realmente não dá, não sou eu, é ela... Segunda não devia existir, mas já que existe devia ser feriado!


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Recife, 03 de Julho de 2011.

É impressionante como todo domingo e toda segunda esse post sempre é super consultado... Na verdade eu mesma morro de vontade de repostar ele toda segunda-feira....

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Um encontro com o Carnaval!

Pois é, hoje, andando pelas ruas do centro do Recife eu topei com o Carnaval, personificado na sonoridade do frevo ele sorriu para mim largamente, mas, tragédia das tragédias, seus olhos estavam tristes.

Eu explico:

Graças a minha orientação religiosa eu não brinco o Carnaval e nem sou uma grande fã, mas moro em Recife e todo recifense sente o Carnaval de alguma forma e tem algo que marca os carnavais de sua infância  e uma opinião a respeito da festa e de seu significado: orgia, bagunça, a melhor coisa do mundo, exemplo de diversidade cultural, alegria, alienação, gasto desnecessário de dinheiro público, um feriado legal... etc... E olha, néh que para mim o Carnaval é "um frevo que sorri com olhos tristes".

Acho que tenho essa ideia por causa do meu pai que sempre escutava o Moacir Franco cantando Turbilhão desde o Natal até a Pascoa, em todas as bebedeiras dele tem obrigatoriamente que tocar,  e, por incrível que pareça, eu gosto dessa canção, escutando o frevo lembrei dela.

Turbilhão sempre me parece uma musica melancolicamente verdadeira, não fala do Carnaval, ela fala da vida... Ele coloca o Carnaval como uma metáfora da vida, por trás do barulho agitado, da correria desvairada das pessoas, das festas, alegrias, trabalhos, lutas, bagunças, dos sorrisos, da busca incessante por um sentido para tudo a gente vive apenas escondendo as muitas dores com fantasias, correndo atrás de uma Colombina que está sempre um passo a nossa frente, corremos e nos cansamos, então paramos, respiramos, pensamos em esquecer... Esquecer? Que nada! Só estamos recarregando para continuar, para recomeçar nossa caça as "colombinas azuis".

Queria dizer alguma coisa a mais, algo que lembrei enquanto caminhava ouvindo o som de Turbilhão pelos ouvidos da memória. Algo me fez ver no céu tons de lilás, mas não estou encontrando as palavras certas... Então vou terminando esse post com a letra e a canção, acho que vale a pena ouvir, meu gosto musical não é, nas palavras da minha irmã, "essa coca-cola toda", mas essa não é das piores.




Moacir Franco - Turbilhão

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Turbilhão
Moacir Franco

A nossa vida é um Carnaval
A gente brinca escondendo a dor
E a fantasia do meu ideal
É você, meu amor

Sopraram cinzas no meu coração
Tocou silêncio em todos clarins
Caiu a máscara da ilusão
Dos Pierrots e Arlequins

Vê Colombinas azuis a sorrir laiá
Vê serpentinas na luz reluzir
Vê os confetes do pranto no olhar
Desses palhaços dançando no ar

Vê multidão colorida a gritar lará
Vê turbilhão dessa vida passar
Vê os delírios dos gritos de amor
Nessa orgia de som e de dor

La lalaia lalaia lalaia



História+bom humor+quadrinhos = Persépolis.

Meu primeiro volume
Eu comprei minha edição de Persépolis há uns três anos atrás, um pouco antes de ter saído o filme francês que tratava da mesma história e eu estava tão atolada de coisas para fazer que só agora depois da faxina de Dezembro quando eu reencontrei minhas duas edições, o volume 1 e volume que tem a história completa., que tive tempo de terminar de ler tudo, tanto que ainda estou entre encantada com a história e digerindo ela.

Persépolis é um trabalho lindo, com ele Marjane Satrape brincando de contar sua história, acaba contando  uma face da história do seu povo, dos Iranianos descendentes dos antigos e poderosos Persas. E sim, quando os artistas decidem contar episódios da história de seu povo é sempre bom a gente se segurar, pq costuma sai dessa experiência coisas muito boas.

Ela coloca a gente pra fazer uma viagem que começa quando os árabes invadem a Pérsia em 642 d. C. e derrubam a dinastia dos Sassânidas, passa pelo século XII e os mongóis, caminha pelas idas e vindas dos mundo muçulmano, chega nas Guerras do século XX e cai em 1980, um ano após a Revolução islâmica e enfim chega a garotinha fofa que ela era aos 10 anos de idade.

Então a gente conhece uma menina iraniana  "normal" que vive o inicio de uma revolução com toda as suas problematicas e é isso mesmo que ela mostra com seus traços vigorosos e seu bom humor, tanto que o primeiro "capitulo" diz respeito ao uso de véu, que em 1980 passou a ser obrigatória e como as crianças encaram isso de forma super descontraída na escola sem entender o porque daquela novidade, aliás, as questões referentes ao uso do véu vão ir e voltar nessa história todo o tempo e geram de boas piadas a boas reflexões.

No mais a família de Marjane não é uma família tão comum assim, eles eram, nas palavras de Marjane, até que modernos, possuem uma posição economica consideravelmente boa, então ela tem acesso a cultura e se percebe que na vida dela desde cedo fé, politica, economia e diferentes visões da História se misturam de um jeito tão louco que sonho de infância dela era ser profeta.

Ela pensava em ser a primeira Profeta mulher e ao mesmo tempo admirava os grandes heróis socialistas da década de 80 do século XX. Tipo, Che Guevara, Fidel e Trotsk, chegando até a achar semelhanças entre Deus e Marx. Aliás, é verdade que as representações comuns de Marx são muito parecidas com as representações clássicas de Deus como homem velho e barbudo.

E essa coisa de mostrar ângulos diferentes, pessoas diferentes e junções subjectivas meio estranhas como Marx e Deus dialogando e uma menina que quer ser profeta, mas admira Fidel Castro são coisa que me fizeram amar Persépolis de cara.

Logo de cara fiquei fascinada, achei que os quadrinhos eram um ótimo recurso didático, já que trata de história de uma forma descontraída e real, mostra o macro das grandes propaganda estatais e o micro das reações das pessoas a elas, as peculiaridades da cultura persa, a forma como as pessoas reagiam a revolução, ao menos as pessoas da classe média.
Satrapi se permite falar de tudo; da revolução que tirou  o Rei do poder; das subtilezas do regime islâmico que impôs depois dele; das mulheres e dos homens em seu cotidiano; das estratégias que as pessoas tinham para conseguirem ter mais liberdade; de quando sua família assustada com bombardeios e perseguições durante a longa guerra Irã x Iraque envia ela com 14 anos para a Áustria e o que aconteceu por lá; da sua depressão pós-guerra; da bagunça que fica quando 1 milhão de pessoas são mortas, tantas outras são mutiladas e família ficam destruídas no espaço de oito anos; da vida nas universidades; da vida familiar: namoro, casamento; das relação regime x população; do processo de alienação cultural; do que choca e do que emociona.
 
Enfim, eu sou suspeita para falar porque gostei muito desse trabalho e fiquei/estou com muita vontade de ver o filme e tudo o mais e foi porque tenho como tenho  o volume completo, acabei decidindo sortear o meu volume 1, entre as pessoas que se propuserem a participar da blogagem colectiva que a Aleska e eu decidimos fazer no dia 5 de Fevereiro.

Ah, ilustrei essa postagem com algumas passagens do livro que achei interessante e que mexendo aqui e acula até cabem bem em uma possível aula de história. E sim, é só clicar em cima que aumenta. Ah [2], engraçado, sempre acho biografia um gênero textual bastante chato, no entanto misturando Quadrinhos, franqueza, notas históricas e bom humor fica até legal!!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Do aniversário do Blog: Xi, eu esqueci!!

Xi, eu esqueci do aniversário do blog...

Pois é, não parece, olhando assim ninguém diz, mas esse blog fez três anos ontem! Com três a crianças já é uma elegante falante da língua portuguesa, anda, corre, se alimenta sozinha e é capaz de enlouquecer qualquer tia rsrsrrsr... Já esse blog, bem... ele é capaz de receber nada menos que o carinho da Lindalva da Ilha da Lindalva, uma amiga que eu conheci meio que por engano, mas que já chegou chegando e presenteando e emocionando!

Muito OBRIGADA mesmoooo Lindalva, emocionou mesmoooo mesmoooo!!!


Adorei a citação, Fernando Pessoa é meu lindo e essa Pandora muito sexy, quem sabe uma dia eu vire uma mulher fatal assim ein???Ai eu desencalho de uma vez néh?!?!?

Fazendo o tradicional balanço de aniversário, percebo que blogar se tornou uma experiência deliciosa: escrever, ler, comentar e receber comentários são coisas impagáveis... Sempre acho engraçado encontrar prazer na experiência de ser lida e comentada, especialmente pq durante muito tempo eu me ressenti cruelmente por não saber no momento em que criei o blog que podia tornar ele visível apenas para mim, hoje agradeço aos céus por minha ignorância tecnológica... Ironias da vida...

Ah, sem contar que o blog me trouxe um tipo de alivio psicológico também... Não consigo esquecer da daquela observação directa: "O pior cego é que não quer ver, o pior escritor é o que sabe escrever e não escreve." Ninguém nunca me disse nada parecido, mas para terror do meu orgulho, depois dessa bofetada, eu passei a dar mais atenção ao blog e sim Goretti teve uma grade parcela de culpa nisso, pq ela sempre fica no pé mandando eu escrever sobre uma serie de coisas que eu penso que ninguém quer saber... 

Ah, não posso deixar de ESCREVER isso para Goretti: "Gô, cada comentário que recebo é uma homenagem a você e esse selo LINDOOOOO  também, afinal de contas é você quem fica mandando eu escrever... "Escreve sobre isso Jaci..." Eu te agradeço mesmo Gô!

E sim, tem a OUSADIA FINAL, esse ano estou propondo, ousadia das ousadias, em comemoração ao aniversário do blog, junto com a Aleska do DIÁRIOS DE BORDO uma Blogagem Colectiva, confira a ideia aqui.

 
Sim, já vou também agradecendo as pessoas que passam por aqui, que deixam comentários e que não deixam também... A todas e todos que passam por aqui deixo meu MUITO OBRIGADA, vocês enchem minhas madrugadas silenciosas com seus blogs e minhas tardes com seus comentários... Tem sido um prazer blogar, comentar, seguir, ser seguida, ser comentada... Que venham mais três anos se tiverem que vim!!!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Literatura com gosto de África!

Eu lembro que ano passado quando eu acompanhava as transmissões da Copa do Mundo eu ouvia muito os repórteres dizendo: "Os africanos são parecidos com os brasileiros."!

Assim, néh por nada não, mas por uma questão de ordem, pensemos: o brasileiro é resultado de uma mistura, mestiçagem, de africanos, portugueses e dos povos que já viviam aqui antes da chegada dos portugueses genericamente chamados de índios. Logo por uma questão de ordem primeiro venho o africano e só depois o brasileiro de maneira que não são os africanos que são parecidos conosco, somos nós que somos parecidos com eles.

 E eu estou falando isso só pq quero comentar a minha mais recente aquisição, que demorou tanto a chegar que eu comecei a pensar que Belo Horinte deve ficar do outro lado do mundo ou que o livro era de rosca.

"Literaturas africanas e afro-brasileiras na prática pedagógica" é resultado de um curso de aperfeiçoamento em História da África e das Culturas Afro-brasileiras oferecido pela UFMG, através dele nos somos inseridos de uma forma muito didática no mundo das Literaturas Africanas de língua portuguesa e Afro-brasileira. É um trabalho introdutório a esse universo literario, as autoras começam discutindo a Lei 10.639/63 que torna obrigatório o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e História da África e dos Africanos nas escolas públicas e privadas do Brasil. "Qual a importância dessa Lei? O que ela trás de novo?" "Pq ela é importante para a nossa sociedade?" São os primeiros temas abordados pelas autoras, só depois que estamos situados, começa realmente o trabalho sobre Literaturas Africanas e Afro-brasileiras e o processo do redescobrir.

Estudar a Literatura Africana, especialmente a de língua portuguesa, tem sido uma aventura onde a redescobrimento predomina, é incrível como me descubro como herdeira de uma África que vai muita além da visão exotica que as pessoas gostam tanto de divulgar.

O universo literário africano é profundo, revoltado, quente, angustiado, guerreiro e esperançoso em relação a possibilidade de um mundo melhor para todos nós. Um universo simbólico rico ao qual estamos definitivamente ligados, como algúém me disse uma vez entre os meus caminhos e descaminhos virtuais: "A África é o berço da humanidade e no caso do Brasil, ela é o útero, o leite e a alma".