terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Blogagem Retro...

É, decididamente eu não resisto a uma blogagem coletiva, e com a autora da blogagem me convidando a deixar a leseira aí é que resistir fica difícil mesmo... rsrsrsrs... A Elaine do Um pouco de mim, propôs aos blogueiros e blogueira relembrarem alguma blogagem ou blogagens marcantes de 2010 e lá fui eu.

E sim, não posso deixar de dizer que 2010 foi um ano rico em blogagens, falei de tantas coisas diferentes por aqui que esse virou ainda mais um grande reflexo do meu mundo particular mesmoooo com todos os "osss" do mundo... Literatura, Literatura Infantil, Autores amados, autores não tão amados, músicas, sonhos, politica.... História, histórias, angústias... noites de insônia... animes... Escola Dominical... Escola Bíblica de Férias.... Casamento de Midiam... etc...

Foi difícil escolher o que eu ia postar novamente, mas pesando, contando e dividindo, resolvi repostar esse pensamento de Clarice Lispector, pq é perfeito e tem se tornado meu lema de vida, não quero que o amor que sinto pese a nenhum dos meus entes queridos.
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Terça-feira, 27 de julho de 2010

"Farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz."
 
Clarice Lispector

domingo, 9 de janeiro de 2011

Na casa da Vovó, no meu caso: na Casa de Voinha!

A Elaine, do Casinha de Taipa, me presenteou com um selo vindo diretamente do: Na casa da vovó, um selo que foi um grande presente porque conhecendo este novo espaço eu acabei tendo a oportunidade de relembrar as minhas experiências com minhas avós e as histórias de vida delas. Voinha, que é como eu chamava a mãe do meu pai foi uma pessoa ímpar, Mãe, que é como eu chamo a mãe de minha mãe, não perde mesmo, com elas eu aprendi algo assim crucial em minha personalidade e é o tal de senso de RESPONSABILIDADE.



E vê alguém falando de avós me fez sentir uma enorme saudades de voinha,  Dona Rita, teve uma história e tanto, digna de uma novela, livro ou mesmo da pessoa que ela foi... Ficou órfã aos 12 anos, irmã mais velha  assumiu a casa e olha que o pai dela, o velho Rafael, não era um homem de brincadeira não, ele é uma lenda familiar, todos os filhos de voinha carregam o nome dele, meu irmão se chama Rafael, minha irmã Rafaela, vários dos meus primos também carregam esse nome no sobrenome e a maioria deles prefere ser chamado de Rafael.

E a nega herdou todo potencial do homem para virar mito, casou muito cedo, mas escolheu o marido pessoalmente e senta que tem história: Voinho namorava a irmã dela, Tia Maria, mas Tia Maria traiu ele, para se vingar ele quis namorar Voinha, o Velho Rafael não quis, ameaçou, mas Voinha bateu o pé e disse: "Eu vou namorar ele sim!".

Minha opinião pessoal: antes tivesse ouvido o pai, eu amo Voinho, amo mesmo, ele é um bom avó, sobretudo para as netas, tem olhos azuis lindos e  um sorriso afetuoso, mas nunca, nunca mesmo chegou a amar Dona Rita, todo mundo sabe disso, as Rafael até entendem, mas os Rafael são incapazes de perdoar isso, Freud explica, e como explica... E se Dona Rita tivesse ouvido o pai ela não seria quem ela era, logo minha opinião é insignificante, o importante é que voinho quis pregar uma peça em Tia Maria e quem foi enredado na peça foi ele, pouco tempo depois ele se casou em Serraria com Rita. Ah, Tia Maria e Voinha foram amigas a vida toda, e as negas tinha uma queda por olhos claros, Voinho tem olhos azuis e o marido de Tia Maria verde...

Ah[2], só para constar, esse história toda se deu no interior da Paraíba, lá onde judas perdeu as botas, as histórias dizem que depois que eles se casaram  voinho sempre que podia fazia as malas e viajava e ela segurava a barra sozinha... Orgulhosa como só ela, levava os filhos para a roça, cavava um buraco debaixo de uma árvore, cobria com um pano e colocava os filhos pequenos dentro com um pano na cabeça para poder trabalhar. Diga ai se a velha não era casca grossa?

Na primeira oportunidade que teve pegou os filhos e venho para Recife atrás de Voinho e cáh estamos nós... Eu convivi muito com ela, presenciei muitos dos seus eternos perrengues com voinho... Sua ranzizisse eterna, seu orgulho e seu cuidado com seu clã, sua forma de amar controlando os filhos de perto ate enlouquecer eles, a forma dos filhos serem grudados a ela até a exaustão... Foi duro para todos nós aprender a viver sem Voinha, até hoje sinto falta dela até as lágrimas.

E tem uma coisa engraçada, um dos filhos dela nunca casou, quando ela era viva ele vivia dizendo que ia sair de casa, iria morar sozinho e isso e aquilo, mas depois que ela morreu ele nem fala mais em sair de casa e casa dela continua exactamente igual ao que era quando ela estava viva... Nada mudou por lá, quando você chega lá parece que voinha vai aparecer a qualquer momento em algum lugar, moveis, cozinha, mesa... geladeira, tudo igual só falta ela... Eu não sei como ele aguenta viver ali, eu fico angustiada de tanta vontade de chorar, painho não entra também, ele não aguenta.

Hoje a Casa de Voinha é um tipo de museu, mas já foi um lugar alegre com uma avó dominadora, mas bastante afetuosa, engraçada em sua ranzizice e que sempre me inspirou de muitas formas... Ah, sem contar que a voz de Voinha sempre teve peso entre o meu pai José Rafael e eu, o que ela falava era Lei e sempre que queria algo ela advogava minha causa. Sinto saudades e discutia menos com painho também!

Ah[3], voltando ao selo, deixo ele para todos que se sentirem instigados a relembrar suas avós, se puder passe na Ana Bela e confira a história que ela conta, eu gostei muito, especialmente por ter me feito lembrar do quanto foi bom ter voinha e do quanto ela foi especial para todos nós.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Igreja Barroca, missa matinal e uma vontade de verdade!

Desde que ir ao centro do Recife passou a fazer parte da minha rotina visitar as igrejas antigas lentamente passou a também a ser parte de meu cotidiano...

Igreja de Santo Antônio no início do Século XX

Dessas igrjas a que mais gosto é a do Santissimo Sacramento de Santo Antônio, ou apenas a Matriz de Santo Antonio. Gosto demais dessa igreja, do seu tom do século XVIII, da sua barroquice, de seu cheiro de devoção antiga, dos seus muitos santos, de seu altar e do ar de reverencia que ela imputa a quem adentra suas portas.

Nossa Senhora da Piedade...
Sempre que entro nela viajo no tempo, penso nas pessoas que trabalharam nessa construção. Quantas pessoas se moveram para que essa igreja fosse construída? Pedreiros, arquitetos, entalhadores, pintores, marceneiros? O custo para esse tipo de construção era alto, levou décadas para que ela fosse erguida e dada por pronta com seus altares, portais, retábulo, cúpula, frontispício... mobiliários, sinos, alfaias... Um trabalho laborioso, demorado, custoso, resistente, capaz de vencer os séculos e se manter erguida e vigilante em pleno século XXI, dominando a paisagem da Praça da Independência.


Também não consigo deixar de pensar nos homens, mulheres e crianças que eram trazidos Atlântico afora pelos mercadores e traficantes de escravos para o Recife e que eram batizados em pé dentro desse templo. Fico me perguntando o que eles sentiam quando entravam por essas portas, se sentiam medo, incompreensão ou espanto... Fico pensando nos pequenos e pequenas que aparentavam ter 12 anos e já eram registrados como adultos, que recebiam um novo nome e eram inclusos no cotidiano da quente e movimentada cidade colonial do Recife.

Nossa Senhora das Dores.

Imagino os adultos de 12 anos... É talvez o padre não estivesse errado em dizer que eram adultos, afinal se sobreviveram a travessia do Atlântico com certeza deixaram sua meninice nas terras já distantes da África. Quem passaria por aquela experiência e se conservaria sua meninice, seu adolescer??? Sempre me doí pensar nesses pequenos e pequenas, perdoem-me o anacronismo, mas sempre lembro de minhas alunas de doze anos, se sentindo tão adultas, e em como seria terrível que elas fossem levadas de nós para o outro lado do mundo tornado-se um pequeno nada. Penso em como a cobiça dos olhos dos homens varreriam para longe as esperanças delas, isso me angustia profundamente.

Penso na dor daqueles adultos e crianças e contemplo as paredes, não há espaço vazios em uma obra de arte barroca e é o que está igreja é... Opressivamente barroca, construída por mãos negras expressa a angustia dessas mãos.

Cristo Morto.

Acho incrível como essas pessoas que vieram, ou foram trazidas a força, ao Brasil através do Atlântico conseguiram conservar sua cultura, suas maneiras de fazer, seus mundos simbólicos, resistindo a toda forma de violência física e simbólica. Se movendo na brecha, na falha, no visível e no invisível... Sempre penso em até que ponto o manto azul das inúmeras versões da Virgem Maria tem da igualmente benevolente Iemanjá e o quanto do dourado das paredes esconde e mostra o dourado da luxuriante Oxum, o quanto do São Jorge constantemente em guerra com seu dragão se mistura com destemido Ogum.
São Jorge de pé.

A arte barroca nas Américas é um registro da intensidade da condição desses homens e mulheres, das suas duvidas, incertezas, questionamentos. Lembrei de Carlos Fuentes agora, refletindo sobre a Espanha e o Novo Mundo ele disse que o Barroco da América "é uma arte de deslocamentos, semelhante a um espelho em que, constantemente, podemos ver a nossa identidade em mudança." uma arte criada em cima dos escombros de utopias destruídas...


Os portugueses pensaram encontrar o Éden quando aportaram nas praias de Vera Cruz e logo descobriram que o paraíso ainda estava distante do lugar encontrado, os indígenas perderam a sua paz e liberdade e os africanos que aqui chegaram tiveram até suas identidades violadas o que se dirá do resto... Não é à toa que, em Santo Antônio, Maria fica eternamente triste, dolorosa e piedosa, e o Cristo esteja eternamente prostrado em seus braços, sustentando o peso da cruz ou nela pregado.... Os artistas sentem a dor do mundo em frangalhos em que vivem e exprimem essa dor em sua arte.


E hoje pela manhã quando eu passei na Igreja do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio estava na hora da missa e eu me permiti ficar ali, observando em pé mesmo, encostada nessa madeira de circunda os bancos... Foi uma cerimônia bonita, o padre falou sobre a necessidade que temos de falar com Jesus, mesmo que Ele já saiba todas as coisas é necessário que falemos a Ele as nossas dores... Depois se seguiu o ritual... com direito ao tinir dos sinos, ao silêncio reverente dos fieis, tão diferente do que vejo na minha igreja local, e na hora do Pai Nosso quando o padre mandou as pessoas se darem as mãos também minha mão foi tomada a principio por uma senhora e depois outra se moveu e pegou a restante e eu sei que vivi uma experiência digna dessa nota.

Eu não rezei, mas orei! Orei pedindo a Deus que me ensinasse a entender esse mundo que se mostra diante de mim, que Ele me ensinasse a entender, a descobrir, a Verdade e antes mesmo de terminar minha oração eu lembrei das palavras de Nietzsche, esse fabuloso implicante, porque quando ele inicia seu caminho em Para além do bem e do mal, ele diz "A vontade de verdade ainda nos há de arrastar para muitas aventuras..." e eu já não tenho dúvidas quanto a isso!

Se os Reis Magos fossem Rainhas???

Dia de Reis chegando, e eu não resisti... e decidi postar essa reflexão que é até filosofica de tão certeira!


Mas, também não é tão assim não... Nós não somos tão desse jeito, ou somos???


Referencia:
http://jasielbotelho.blogspot.com/2010/12/natal_7220.html; http://jasielbotelho.blogspot.com/2010/12/natal_7086.html!

sábado, 1 de janeiro de 2011

1º de Janeiro: aventuras familiares, uma pérola do meu pai e constatações óbvias.

Pois é, meu pai me venceu não pelo braço e sim pela chantagem emocional e no final das contas lá fui eu para a bendita reuniãozinha familiar de 1º de Janeiro!

Quando estava no melhor do meu sono, curtinho meu travesseiro e o ventilador novo turbo e silencioso (um item de suma importância no verão nordestino) deu a hora de partir, 4:00 da manhã e lá fomos nós ao encontro da família dos agrodontes.

E quer saber? A parte tudo o encontro foi ótimo, chegamos super cedo no sítio dos meus tios em Goiana, uma cidade que fica a 60 kilometros do Recife, o percurso foi super rápido, meu pai dirige com precisão e ainda deu a meu irmão o privilegio de dirigir o carro \o/

De Goiana nós partimos para Praia Bela, na Paraíba, ou seja, fizemos uma pequena viajem em família, todo mundo deixou os carros no sítio da minha tia e pegamos os dois ônibus dos meus primos... Ah, minha família tem muitos motoristas e todos são excelentes mecânicos também... Ah [2], só que o povo aqui não compra carro novo não táh, eles compram velhos e vão reformando aos poucos, cutucando aqui e acolá... Aff... Ah[3], o interessante do sítio do meu tio é que ele é resultado de uma assentamento do Movimento Sem Terra, meu tio integrou esse movimento, viveu anos em um acampamento e conseguiu seu pedaço de terra.

Para todos os efeitos, foi um dia ótimo, Praia Bela é linda, o mar é um pouco selvagem e atritoso, a paisagem é de encher os olhos, de emocionar quem chega. Um lugar ótimo para quem gosta de surfar eu posso garantir.

Foto do celular da minha irmã.

Reencontrei com algumas de minhas primas que não via a muito tempo e praticamente redescobri elas. As meninas são lindas, maduras, centradas, educadas, divertidas... Uma tem 16 e outra 17, mas brincam como crianças de 10 anos... Não tem as neuras que enfrento, por exemplo, com minhas adolescentes na Igreja, são velhas, experimentadas pela vida, endurecidas no osso e na carne, mas não na disposição para se divertir... Eu me divertir muito com elas, me reconheci nelas, me peguei dando gargalhadas enquanto pulavas ondas e corria atrás das meninas para depois ver elas correndo atrás de mim...

Aliás, falando em criança, tem a Pérola de painho que não poderia faltar de forma alguma nessa manhã ensolarada, pq hoje eu tive a prova final que meu pai jura que eu tenho quatro anos... Até aqui eu tinha lá minhas dúvidas, minhas suspeitas, mas, pensava eu de mim para comigo: "Não, o trabalho remunerado, a formatura na faculdade, o fato de que não peço mais dinheiro para a pipoca evidenciam que eu não tenho 4 anos! Ele sabe que não tenho quatro anos!".  

Porém os fatos comprovaram: "Para a leitura desses sinais meu pai é analfabeto!"

Lá estava eu com minhas primas curtindo as ondas e vejo eu meu pai correndo em minha direção com aquele ar apavorado, "Pronto, tem um tubarão atrás de mim!" pensei eu néh... "O que foi painho?". Ele responde: "Minha filha, esse mar tá violento, vá brincar alí naquele cantinho!"... Aquele cantinho  é justamente aquele lugar da praia onde as crianças pequenas ficam com aquelas bóias enormes e coloridas prá lá e prá cá com as mães sentadas na água olhando elas... É, está comprovado empiricamente: ele pensa que tenho quatro anos.

E sim, as constatações óbvias: não é tão ruim afinal me reunir com minha família; não da para escapar do lado chato da reunião mesmo se vc estiver de cara amarrada; o tempo passou sobre todos nós; meus tios e tias possuem cabelos brancos agora; eu não sou mais criança ou adolescente;  eu ganhei o direito de falar e ser ouvida; no frigir dos ovos eu sou tão ogrodonte quanto todos eles; as vezes magoamos uns aos outros; e sim somos uma família que compartilha da mesma carne dura e do mesmo osso sólido capaz de suportar e vencer situações difíceis e ainda assim ter bom humor suficiente para se reunir no dia 1º para uma fabulosa farofada em uma praia para turista ver.