sábado, 30 de outubro de 2010

Do antigo Egito, um poema de amor...

Gente... aiiiii... estudando sobre literatura africana eis que de repente acho esse livro: 


Sim, pq o Egito fica na África táh... embora a maior parte dos estudos sobre o Egito ou Egipto, se concentre na França, na Alemanha e na Inglaterra e nos filmes os personagens sempre pareçam tão branquinhos... Vai entender...  Enfim... fiquei romântica... fiquei romântica... fiquei romântica...

Foram esses os versos que despertaram meu romantismo:

"Amada, és única, de ti não se fez duplicado,
Com mais encanto do que todas as mulheres,
luminosa, perfeita,
Uma estrela que desce sobre o horizonte pelo novo ano,
um bom ano,
Explendida nas cores que traz
e de sedução a cada olhar
Os seus lábios são encantamento,
o seu pescoço tem o tamanho certo
e os seus seios uma maravilha;
O seu cabelo lápis-lazúli a brilhar,
os seus braços de mais esplendor que o oiro.
Os seus dedos fazem-me ver pétalas,
as de lótus são assim.
As suas ancas foram modeladas como deve ser,
as suas pernas acima de outra beleza qualquer.
Nobre a forma como anda
(vera incessu)
Meu coração seu escravo ficaria se a mim se abrisse.
As cabeças voltam-se - por culpa sua -
para seguirem com o olhar.
Afortunado o que a puder abraçar plenamente;
será o número um entre todos os jovens amantes.
Deo mi par esse
Todo o olhar vai seguindo
mesmo quando já desapareceu fora do alcance.
Singular deusa,
sem igual."

Vejam vcs, o povo diz por ai que eu tou solteira pq sou chata, tudo bem, eu sou chata mesmo! Mas vou te contar, se alguém dissesse de mim o que este homem disse a mais ou menos mil anos antes de Cristo eu deixava de ser chata na hora... Virava a moça mais fina do mundo em três tempos! E vou contar a vocês... Os egípcios é que sabiam como a agradar o ego de uma mulher!

Ops... pensando bem esses versos são parte de um conjunto de poesias cujo titulo é "Conversas na Corte", logo nosso lindo amante amantissimo pode ser apenas alguém altamente paloso, bom de conversa mole... É,  pensando bem, se um homem me dissesse algo assim possivelmente eu acharia que isso é uma conversa mole e mandaria ele pastar... 

É táh difícil pra mim deixar de ser solteira!!! Nem com poemas de amor do Egito ou Egipto Antigo a coisa se resolveria...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

"Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram."

Sinceramente concordo plenamente com Rose Walker: "Sonhos são esquisitos, idiotas e me apavoram.".

Parece uma coisa estranha ouvir isso de mim, uma dorminhoca profissional, mas essa afirmação realmente me impactou de maneira que eu não resisto e tenho que escrever sobre a obra de onde essa frase saiu, especificamente o volume 1 da "Edição Definitiva" de Sandman que, a parte o fato de ter me custado os olhos da cara, é simplesmente uma das melhores coisas que já adicionei a minha modesta, porém graciosa biblioteca pessoal:.


Sandman é uma história em quadrinhos que sai direto da década de 1980 e junto com Cazuza ocupam o roll das coisas que amo nesse recorte temporal. Morfeus, o personagem principal dessa história é simplesmente encantador. Ele charmosamente pula fora das páginas e envolve a nossa imaginação. Neil Gaiman não cria histórias, ele cria mitos! Acho que qualquer um que ler Gaiman tem essa sensação... ele criou um universo tão rico, tão sofisticado, tão incrível que é quase palpável, além de muito instigante.

Alias, a temática sonho, em si já é muito instigante. Afinal, os sonhos realmente formam um mundo a parte. E um mundo complicado, onde tudo é possível, onde os quadros barrocos que misturam luz e trevas, vida e  morte, sacrifício e gloria, perdão e culpa não são apenas ilustrações fixadas na parede para  a nossa apreciação e reflexão, são realidade.

Nos sonhos luz e as trevas se mesclam, somos jovens e velhos, vivemos o presente no cenário  do passado, reencontramos nossos mortos, perdemos os vivos, o tempo se bifurca diante de nós e  não existe da mesma forma que na "realidade", aliás a própria realidade toma formas difusas... é claro que sonhos me apavoram e Sandman me encanta.

Me encanto com essa obra e morro de amores pelo Senhor dos Sonhos pq através dele temos diante de nós uma linda discursão a cerca de várias questões que envolvem o sonhar de forma lúdica, inteligente, profunda, problematizadora... e sim sou fã tá, posso tecer tantos elogios tanto quanto queira a uma obra que gosto táh! rsrs...

E sim, mesmo sendo o tipo que dormiria por cem anos, dormiria se estes fossem cem anos sem sonhos, nenhum sonho, nada... Não gosto de sonhar ou dos sonhos que tenho..


Fala sério! Oxe... Meus sonhos quase sempre terminam em pesadelos! Tenho até classificação para eles: pesadelos asmáticos, tipo tenho uma pavorosa crise asmática e não acho meu salbutamol em lugar nenhum, acordo morrendo claro, cinco minutos depois passa na cama mesmo, é só susto; pessadelos filme de terror, tipo minhas amigas morrem ou eu perco uma prova importante e coisa do gênero; pesadelos que começam com sonhos, tipo cawboys viram elevadores claustrofobicos menores do que eu (eu até entendo os cawboys, eles tem haver com excesso de Sabrina, mas e o elevador?); pesadelos história sem fim, tipo desperto dentro de outro pesadelo umas três vezes e coisas assim... a lista é imensa... sintetizo ela no "sonhar me apavora".

Desde criança que em minhas orações noturnas um pedido se repete: "Senhor, dai-me um noite  de paz, sem sonhos!". Deus tem atendido a essa oração.

E falando em sonhos e orações lembrei de Freud, diz ele, ou disse ou dizia ele, que a religião é um ilusão, não necessariamente um erro, mas uma ilusão, um tipo de neurose universal que nos livra de um tipo de neurose individual. Depois o povo se pergunta pq as pessoas tem problemas afetivos com a psicanálise, vc dizer que as crenças das pessoas são ilusões e neuroses é uma coisa, querer que elas gostem é meio que pedir demais.

Ops... o que Freud está fazendo aqui... está postagem é sobre Sandmam, não sobre ele... e só a titulo de conclusão, outra personagem encantadora dessa história é a Morte, irmã do Senhor dos Sonhos, achei interessante que Neil colocasse a morte como irmã dos sonhos... sempre acho essa associação interessante... sempre fico curiosa para conhecer mais a cerca dessa história,  mergulhar dentro dessas páginas e perceber pelos caminhos e descaminhos de Gaiman, não só como ele pensa tudo isso, mas como  os homens do fim do século XX, história recentíssima, refletem sobre esses temas.. afinal a arte sempre é um tipo de reflexo da realidade... os homens não conseguem viver sem narrar e arte é uma grande forma de narrativa onde sonhos e realidade se misturam para dar a tonalidade dessa experiência dura, esquisita, idiota, apavorante e fascinante que é viver!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Organizando livros, relembrando e construindo novas lembranças...

Existem formas e formas de se relaxar quando se está vivendo um momento de grande pressão, tensão ou que quer que seja... Hoje minha forma de relaxar foi organizar meus livros eternamente bagunçados!


É sempre tão melancólico organizar livros... parece que as histórias brotam deles.... tantos as histórias contidas neles quanto as histórias que a gente viveu enquanto lia cada um deles... as pessoas que se ligaram a nós através deles...

A minha edição velha de guerra de "Os novos trajes do Imperador" de  Hans Christian Andersen testemunha de um tempo em que eu lia livros infantis na biblioteca com minhas amigas durante as aulas vagas... era ótimo. Esse hábito que marcou nossa vida escolar começou no dia em que elas perguntaram para onde eu ia quando eu sumia, respondi que estava na Biblioteca, um dia todas elas apareceram lá, gostaram e ficaram, vcs entendem se eu disser que no começo eu gostava e não gostava ao mesmo tempo?!?!?



Outro reencontro memorável foi com Danielle Steel, "O anel de noivado", esse livro foi presente de Vanessa... já faz um tempinho... quase dez anos, eu sinto falta de Vanessa, sinto falta dessa leitura... Meu Deus... como minhas amigas eram barulhentas... como era bom ser adolescente quando eu estava com elas! Mesmo com todos os "mas e menos mas" era bom estar com elas e ler Danielle Steel e comentar com elas...


"Doze Reis e a moça no labirinto do vento" foi outro presente, foi presente de Natally... Marina Colasanti, escreveu e ilustrou um livro de contos infantis lindo, lírico, doce... com um gosto de sonho!!!


Muitos dos meus livros estão cheios de histórias entranhadas neles, não só as que os autores contam... eles tem vida própria e deles saem borboletas, girassois, passarinhos, corvos, sons, lágrimas, sorrisos, dores e alegrias que foram vividas enquanto as histórias eram lidas. Ao menos eu sinto boa parte dos meus livros dessa forma, através do que vivi durante a leitura e como a leitura afetou ou não a experiência que vivi!!!

E, para além do tchim... tchim... que cerca o mexer nos livros, sempre surgem novas histórias... novas lembranças para os próximos momentos em que eu for mexer neles. Cada titulo de um livro é na verdade uma senha para um mundo de lembranças, como no titulo do livro de poesias de Drummond que eu ofereci para a apreciação de Júlia hoje.


Júlia é uma criança doce, das muitas crianças doces que enchem minha casa, de todas ela é mais silenciosa,  ri baixinho, fala baixinho, tem aquela delicadeza que todas as mulheres sonham ter e só algumas realmente tem naturalmente; quando ela me viu mexendo nos livros logo se juntou a mim, quando eu a vi mexendo nos livros logo ofereci "A senha do mundo" de Carlos Drummond de Andrade, pq se é para encontrar com a literatura tem que encontrar direito néh?!?!

A senha do mundo é um livro de poesias que remetem a infância, mas não essa infância do século XXI e sim a infância que se vivia no inicio do século XX... Drummond fala, eu acho, sobre coisas que marcaram a infância dele... o lago tão grande quanto o mar, as mãos que faziam um doce que, mesmo que ele use os mesmíssimos ingredientes, hoje não consegue alcançar o mesmo sabor, o primeiro automóvel que chegou na cidade dele... tantas outras coisas típicas de uma infância de outros tempos... Um livro lindo demais... é claro que minha a escolha foi consciente.


E é claro que o livro que ela escolheu livremente e conscientemente foi uma edição de "Para Gosta de Ler Poesias", presente de uma amiga pedagoga, ela foi direto ás poesias de Vinicius de Morais néh?!?! As poesias de "A Arca de Noé" continuam encantando gerações. Não tem erro, as crianças amam a sonoridade de "era uma casa muito engraçada... não tinha teto não tinha nada" e de um Relógio "tic tac... tic tac... dia e noite... noite e dia...".

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eu e Meus Bebês ou Meus Bebês e Eu

 Kelly virada da estrela subindo na cadeira pela minhas pernas, não, ela não cai ela senta e brinca com minhas pernas... é um momento doce... esse bracinho lindooo... é do Ray estávamos vendo e tirando fotos nossas... achei bonitinho e tirei a foto, essa foto saiu por engano, mas gostei dela...

Ela tem um pedaço de nós três, os dois junto com Vitor (que não veio nesse dia) são os últimos a sair quase todo dia, então acaba que temos um vinculo diferente, sei lá... é estranho, crianças cujos responsáveis demoram sempre criam um laço diferente com o educador, a espera é um momento melancólico e intimo, a ausência de outras crianças, o cansaço do dia, a chegada da noite, o silêncio que preenche o barulho, o vazio que ocupa o que antes estava cheio...

Ray, Vitor, Kelly e eu somos quatro esperando... nosso vinculo  nasce da melancolia de uma espera que se prolonga... nessas horas eles ficam mais próximos a mim, mais carinhosos, mais grudados no meu colo... curtimos juntos a tristeza da nossa espera... a diferença é que já passei do tempo em que esperava minha mãe chegar, minhas esperas agora são outras, logo chegará o tempo em que eles também esperarão por outras coisas... espero que eles achem nesses momentos o afago, a companhia e o sorriso que eu encontro neles.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010