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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O desafeto a literatura nos tempos do Império - Parte 2


Dando continuação ao texto da semana passada no "Sobre o desafeto a literatura nos tempos do Império" preciso reafirma a sorte que me considero com sorte por ter começado a aventura pelo passado através das mãos sonhadoras de José de Alencar. Depois dele a época do Império parecia para mim um lugar de sonho, melhor para se viver, quase substituindo a Idade Média de Walter Scott que o cinismo do meu professor de história transformou em um lugar de frio, opressão e cabanas de chão batido.

Maaaasss... no melhor da festa com seus finais felizes e homens capazes de se converter de seus maus caminhos me apareceu Machado de Assis e seu brilhante e inquietante "Dom Casmurro". Acho que Machado fez sucesso com a adolescente que fui porque já conhecia um pouco da sociedade imperial, do vocabulário do período, era muito fã de uma pessoa cínica (meu professor de História que nem mesmo aprova minha escolha por essa profissão #MagoaEterna) e claro, Machado dialoga com o leitor.

Em Dom Casmurro, nós conhecemos a história de Bentinho, membro de um família abastada do Império acompanhamos a história de amor dele com a Capitu. Como quem conta a história é o Bentinho ele conduz nosso olhar para onde quer e confesso: em minha primeira leitura fui meio seduzida por ele e até acreditei nas doces daquele velho rabugento, solitário e muito hipócrita. Algo que foi mudando ao longo das sucessivas leituras que fiz do livro ao longo dos últimos 10 anos e hoje sou do fã clube da Capitu correndo o serio risco de colocar o nome "Capitulina" em uma filha minha.

Depois de Dom Casmurro li o "Memórias Póstumas de Brás Cubas" e, apesar de Brás ser uma verdadeira cocada de sal com pimenta tão hipocrita quando o Bentinho, confesso que nunca consigo odiar esse personagem. Me apaixonei irremediavelmente pela sinceridade pós-vida dele; pela forma como ele coloca diante de nossos olhos as sacanagens daquela sociedade; e pelo capitulo sexy mais bem pensado da história de toda literatura, nunca deixei de ler o capitulo "O velho dialogo de Adão e Eva" sem dar risinhos e imaginar a cara das recatadas senhoras lendo isso! O Rafael Cortez musicou esse dialogo, deixo o link.

Depois desses dois livros comecei uma Odisseia alucinada com Machado: li todos os romances dele, os vários contos - ainda não sei se li todos os contos - e derivativos. De todos os seus romances o meu preferido é o "Memórias Póstumas...", a fina ironia toca o meu coração e me faz ri sozinha... O que mais me da ternura é Helena. Nunca existirá heroína tão incrível quanto ela. Doce, suave, gentil, inteligente, sagas, acima de tudo digna. Eu me precipito no caos cada vez que o Manuel Carlos coloca no ar uma protagonista com o nome de Helena em suas novelas. Aliás, eu detesto as novelas de Manoel Carlos e minha alma chora e se contorce cada vez que identifica uma referencia a obra do meu amado autor em sua obra. Provavelmente Machado se revira no tumulo.

Mas, voltando a minha louvação alucinada ao meu primeiro amor literário, nunca me canso do olhar atento dele, de sua capacidade de se comunicar com seu leitor, de enxergar de uma forma tão profunda as pessoas ao seu redor, a forma como elas pensavam, planejava e executavam suas vidas. Como a Jussara disse a respeito da sociedade imperial: "... como saberíamos quais sentimentos passavam pela mesma sociedade sem Machado de Assis?". Não é a toa que os historiadores do Império usam os livros dele como documento.


Além dos historiadores, quem se interessou por Machado foi o Eduardo de Assis, um professor do curso de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais responsável por vasculhar toda a obra dele, junto aos seus orientandos, em busca de referencias a pessoas negras livres, libertas ou escravas. Com todo o anacronismo do multiverso ele foi em busca das referencias a afro-descendência dele.

Embora hoje eu tenha minhas criticas ao Eduardo de Assis, confesso que o trabalho dele foi criterioso e a seleção de textos dele inclui crônicas, criticas de teatro, contos e trechos de livros foi uma boa aquisição para minha estante. Assim como a edição da correspondência de Machado e Joaquim Nabuco publicada pela editora de Monteiro Lobato. Confesso que quase tenho menos birra com Lobato só pelo fato dele ter feito publicar essa coleção de cartas.

Enfim, esse texto ficou gigante e você chegou até aqui e resolveu dar mais uma chance a Machado ou mesmo uma primeira chance ficaria feliz de emprestar meus livros... mas como não posso resolvi praticar um pouco da lição da Luma e bem entre os que se interessarem vou está sorteando aqui no próximo domingo minha edição de Helena junto com um dos textos biográficos da minha coleção.


Há quem diga que para começar a ler Machado é melhor recorrer aos contos, mas atualmente não tenho nenhum em minha estante - por culpa da Luma me desapeguei deles - então decidi por Helena, que é o romance de Machado em melhor estado físico dele em minha estante. Para concorrer basta dizer no comentário que quer e domingo que vem faço o sorteio e envio pelo correio.

domingo, 11 de agosto de 2013

O desafeto a literatura nos tempos do Império - Parte 1


Parece mentira, mas me ensinaram durante os sete longos ano de curso de História e pós-graduação que nem sempre existiu o país Brasil, na verdade o nosso país é uma invenção até recente, no frigir dos ovos não temos mais que 200. Essa enormidade geográfica localizada no sul da América na qual as pessoas falam o estranho idioma chamado português começou a ser inventado no inicio do século XIX, mais especificamente em 1822.

Bem, há quem não acredite nisso, vocês meus queridos companheiros de virtualidade podem não acreditar, mas um contemporâneo da "Independência do Brasil", o fracês August de Saint-Hilaire disse com todas as letras do querido alfabeto: "Havia um país chamado Brasil, mas absolutamente não havia brasileiros". Foi ao longo dos oitocentos que vários dos pilares de nossa vida social e identidade foram construídos, tudo isso foi registrado de diversas formas e entre elas está a literatura.

Uma das coisas que eu tento por todas as vias possíveis e imaginárias é compreender porque os leitores brasileiros tem tanta resistência aos textos literários produzidos nesse período. É mais que mero desinteresse é quase uma desafeição generalizada a autores como José de Alencar e Machado de Assis.


Eu tento compreender o motivo dessa desafeição generalizada, muitos justificam que isso se deve a um primeiro encontro traumático nas aulas de português do Ensino Médio no qual a "Literatura Brasileira" é conteúdo obrigatório e os autores canônicos como o tal do Machado e o tal do Zé de Alencar são OBRIGATÓRIOS. Bem, putz, esses autores estão no currículo porque são tão importantes que as pessoas que elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais (um grupo composto por alunos, professores e acadêmicos) considerou que é DIREITO de todo e qualquer brasileiro conhecer esses autores.


Não é maldade, não é questão de obrigatoriedade é questão de direito!!! Que uma adolescente confunda direito com obrigatoriedade e implique vá lá... Mas os adultos arrastam essa implicância pela vida como um tipo de amuleto de sorte e esquecem que melhor que conhecer o outro é conhecer a si mesmo. Aliás, é possível conhecer melhor o outro quando conheço bem a mim e tudo aquilo através do qual eu me tornei quem sou.

Bem, eu não sei se estou certa quando penso as coisas expostas nos dois últimos parágrafos... De fato, como acontece com inúmerxs jovens brasileiros a mim, como aluna de escola pública localizada em uma comunidade popular favela, foi negado o CONSTITUCIONAL DIREITO de ter aulas regulares de literatura brasileira durante os meus anos de ensino médio e o resultado disso foi ter conhecido José de Alencar e Machado de Assis por acidente nas estantes da biblioteca escolar.

Primeiro veio os romances de Alencar, confesso que os romances indianistas jamais me atraíram, mas os romances urbanos.... Aaaah... Quanto perde quem não dã uma chance a eles!!! A cidade do Rio de Janeiro se erguia diante de mim como que por mágica, as moças bem vestidas, os moços com seus ternos, as carruagens, os bailes, as sensibilidades... Tudo tão bem descrito, tudo sob aquela áurea tão particular.

Era maravilhoso contemplar o passado pelo olhos de José de Alencar. Confesso, hoje a criticidade misturada ao ceticismo me faz fazer inferências menos generosas a respeito da obra dele que a adolescente que eu fui. Mas hoje consigo compreender que os romances ditos "indianistas" representam o esforço de José de Alencar de descrever ou inventar o melhor passado possível para o recém criado Império do Brasil e os romances urbanos o esforço dele de documentar o presente desse Império da melhor maneira possível.


Sei que o texto já deve ter cansado a beleza de muita gente até chegar a esse ponto, mas se você leu quando adolescente os textos de Alencar, ou não leu por implicância com a chata da sua professora ou professor de literatura... Bem, agora talvez seja a hora de praticar o perdão, se ela ou ele fez parecer que era obrigação sua, foi um erro de linguagem, na verdade a ideia é que era um direito seu conhecer um pouco de como o seu país começou a ser construído, de como pensavam aquelas pessoas que inventaram o Brasil, o brasileiro e derivativos.

Ai bem, depois do romantismo de José de Alencar, por uma sorte inexplicável da vida encontrei Machado de Assis... E ai toda a beleza lirica da sociedade Imperial foi posta em xeque...

Desconfio que devaneie demais nesse post e decidi deixar essa parte na qual falo mais sobre Machado para o próximo bloco, ou melhor post...

Ah, mexendo e remexendo no face criei uma página para esse blog deixo aqui o link, ainda não sei bem para quer vai servir, mas quem quiser curti, fica a dica, ou melhor o LINK

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 2012: Dia 22 – Cite 3 escritores que você gosta.

Esse negócio de citar três é complicado!!! São tantos escritores que eu me pergunto como pode haver tantos!!!

Mas vamos tentar chegar a três nomes e que os outros não se sintam chateados.

Machado de Assis, fez parte de minha adolescência e toda vida adulta. É simplesmente maravilhoso e tem um texto que nunca envelhece ou deixa de nos surpreender. Quanto mais leio "Memórias Póstumas", "Dom Casmurro", "Helena" e etc... mais encontro coisas que não percebi na leitura anterior. Quanto mais conheço o Machado, mais ele me mostra que ainda não conheço e tenho algo dele a conhecer.

Fernando Pessoa, é seminal em minha trajetória de leitora e ser humano. Sou mil e uma vezes apaixonada pelo Pessoa e todos os seus "eus". Claro, uma geminiana legitima de fabrica só podia ser fã de um autor que "multiplica-se para se sentir" e mais que mudar de ideia muda de eu por inteiro enquanto escreve.

Terry Pratchett, engraçado, divertido, irônico, acido quando precisa ser, genial. Eu sou apaixonada por esse inglês.


O Meme Literário de Um Mês 2012 é  coisa saída diretamente do Happy Batatinha.

PEQUENOS AVISOS

Por esses dias vou está fora de Recife, mas as postagens do Meme já estão todas programadas.

A parte isso, lá no Escritos Lisérgicos o Christian está propondo uma  Blogagem Coletiva sobre lendas urbanas, caçando livros para liberar acabei encontrando minha edição de Assombrações do Recife Velho de Gilberto Freyre e acabei decidindo disponibilizar minha edição para ser sorteada entre os participantes.

Quem gosta de contar histórias de terror ou conhece uma lenda urbana e quer torna-la conhecida de toda blogosfera, sinta-se convidado a participar.

Clique na Imagem e confira a Ideia!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A fúria do Escorpião, a nova porta do quarto e minha estante...

Não, eu não acredito em signos, mas... Lendo alguns sites que falam sobre a fúria das escorpianas tenho que concordar que essas descrições são bem próximas da minha irmã:


"É até difícil convencer alguém de que a sua amada escorpiana tranqüila e simpática é capaz de derrubar um apartamento todo em um ataque de fúria."

"Pode ser manhosa mas parecer carente e fragilizada, por isso não se deixe enganar. Não existe fúria igual à da mulher Escorpião. Quando perde o controle das emoções fica como um vulcão. Ela não é do tipo de mulher que conhece limites quando provocada. Adora parecer uma princesa de contos de fada, uma deusa maravilhosa e ultra-feminina, e fazer com que ela abandone esse papel pode ser muito arriscado!"

Bem, essa é minha irmã, um doce, mas quando se irrita, sai de baixo, acho que até meu pai evita enfrentar Rafaela quando ela tem seus piripaques.

Rafa detesta barulho quando ela quer dormir, e nos últimos seis meses ela passou a dormir mais cedo do que de costume e o barulho da televisão virou um incomodo na vida dela, meu pai adora novelas... Rafa detesta barulho de novela, resultado, momentos de fúria furiosaaaaaaa, ela chega a chorar... É uma danação terrível, resultado [2], meu pai e meu irmão decidiram colocar, enfim uma porta no nosso quarto e assim se livrar da fúria furiosa dela!

Mas, Rafaela se incomoda, meu pai coloca a porta e a bagunça sobra para quem? Sim para minha pobre estante de livros... Para colocar a porta meu lindo e amado pai colocou todos os meus livros abaixo sem respeito nenhum... Se fossem as coisas de Rafaela eu duvido que alguém ousasse fazer essa obra de arte:



E o melhor é que todo mundo me deixou sozinha para arrumar os livros, tudo bem que a ordem e a forma de colocar na estante é uma coisa que só eu sei, que também não aprecio certos tipos de ajuda nesses momentos... Mas, essa arrumação, misturada a poeira da porta, me rendeu uma bela crise alérgica e uma coleção de relembranças e não resisto a tentação de registrar algumas notas sobre elas no bloguito.

Percebi que minha curiosidade pela Psicanalise aumentou sensivelmente nos últimos anos, eu praticamente passei a colecionar os livros da "Série Psicanalise Passo a Passo" da Zahar. O meu preferido é o "Para que serve a psicanalise" da profª. Denise Mourano, o livro funciona como uma aula sobre o assunto, durante a leitura eu me sentia sentada em uma sala de aula vendo e ouvindo ela falar sobre as obras barrocas,  os sonhos, experiências de consultório e por ai vai. Fiquei imaginando o espetáculo que deve ser a aula dela. O meu preterido é Édipo, escrita muito técnica para um livro destinado a leigos.


Foleando meu exempla de "O morro dos ventos uivantes" relembrei uma experiência que tive durante a leitura que jazia esquecida nos mares da memória.


Eu li esse livro nas minhas andanças pelo Recife, em ônibus, filas e intervalos no trabalho, enquanto as crianças dormiam... Lembro que eu já estava nas páginas finais do livro lendo ele na fila do ônibus e a história começou a me pesar, antes de começar a chorar em público (sim eu choro lendo... duas coisas que eu não economizo: lágrimas e declaração de amor #SouMelosa mas estilei nesse dia) eu saí da fila e sentei em um banco para organizar os pensamentos. Foi quando um senhor se aproximou a mim e começou a conversar, no final me deixou um versículo da Bíblia, eu escrevi no livro para não esquecer o momento.


"... alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração..."
(Romanos: 12. 12)

Reencontrei minha antiga edição das "Um aventura em Narnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", a tradução de Paulo Mendes Campos, se não me engano, foi a primeira para o português brasileiro.


E no final constatei que até arrumando livros eu gosto de ironia! Não resisti e coloquei um livro de teologia, presente de Natal de um ex-namorado "Fundamentos Inabaláveis", no qual se defende os valores e pensamentos cristãos como preceitos cientificamente comprovados; junto com o livro "Belas Maldições" de Terry Pratchett e Neil Gaiman, onde os autores fazem quase uma sátira com as profecias do livro de Apocalipse a respeito do fim do mundo.

Os livros são opostos, mas se aproximam, ambos foram leituras que eu achei que seriam saborosas, porém se revelaram extremamente incomodas, quase indigestas...


Ah, juntei Emily Bronte, Machado de Assis,  Alexandre Dumas e Poe, quatro grandes mestres do século XIX, fico imaginando que época incrível foi aquela capaz de fazer nascer esses gênios.


No fim, descobri que preciso de uma nova estante, é livro demais para espaço de menos, eu preciso comprar uma nova estante... Mas... de repente me ocorreu um pensamento...

... Será que se eu tiver um piripaque, tipo fúria do escorpião de Rafaela, painho compra uma estante nova para mim???

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cartas...

 
Outro dia em uma dos meus passeios pela livraria eu dei de cara com um livro com o titulo Correspondência, nele está contido um conjunto de 53 cartas que formam o conjunto da correspondência que foi trocada entre Machado de Assis e Joaquim Nabuco, o livro foi organizado inicialmente por Graça Aranha e editado por Monteiro Lobato, que por essa quase se redimiu comigo, quase porque eu amo implicar com Lobato e não vou deixar de fazer isso só porque ele foi responsável por trazer a público um conjunto de cartas que eu adoro ler. (Implicar com morto é o cumulo da implicância, eu sei... Relevem... isso deve ser falta de lavagem de roupa, namorado ou derivados...)

Quem faz a introdução desse livro é um historiador famoso, José Murilo de Carvalho, e entre muitas coisas lindas ditas sobre um e sobre outro, ele reflecte sobre essa pratica da troca de cartas, diz ele:

"Revelar intimidades, é o que se supõe cartas deverem fazer. E é sorte dos historiadores que se escrevesse muita carta nos tempos de Machado e Nabuco. Futuros pesquisadores não terão tanta facilidade depois que a carta impressa foi substituída, inicialmente pelo telefone, depois pela correpondência eletrônica, apressada, desleixada, descartável."
(CARVALHO, José Murilo de. Correpondência, pg. 11-12)


Eu achei essa opinião curiosa de José Murilo porque ironicamente foi a Internet que me fez escrever cartas e manter uma correspondência com alguém pela primeira vez na vida, ainda que de forma eletrônica. Aliás, grande parte da minha correpondência eletrônica não é nada descuidada, descartável ou desleixada, ainda que muitas cartas tenham sido escritas com pressa ... Ah, foi também a virtualidade que me levou a frequentar os correios e escrever cartas impressas e recebe-las vez ou outra, a Ana Seerig do Alguma coisa a mais pra ti ler... que o diga rsrsrs... E sim foi a Internet que me fez pela primeira vez na vida me preocupar com greve de correios.

E sim, a titulo de conclusão, esse post começou porque hoje eu fui convidada a escrever uma carta para alguém muito especial, nada mais nada menos que nossa respeitável PresidentA, Dona Dilma Rousseff, a convite da Emília do blog "As histórias de Emília", hoje estou lá no 4 por 4, junto com, nas palavras a Emi, mais três feras.



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A propósito, não posso deixar de registrar minha satisfação diante da informação que acabei de receber através da Celina Dutra do Colheita de Girassóis néh que a Caixa tirou do ar o comercial onde Machado de Assis aparece branco com direito até a pedido de desculpas!

Nessas horas eu até me animo, os tempos estão mudando, os que não tinham voz agora tem, Machado não será mais embranquecido e eu tenho esperança que talvez estejamos um pouco mais próximo do dia em que racismo será uma coisa do passado, deixo o link que a Celina me deixou e agora só falta a Caixa responder a respeito do que será feito em relação ao nosso rico dinheirinho que foi gasto nessa mal fadada propaganda!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

CAIXA 150 Anos: O Bruxo do Cosme Velho / Desde quando Machado de Assis foi Branco?

Assim, sabe quando você está tão estarrecida(o), tão abismada(a), tão surpresa(o) que não pode ficar quieta(o) , sou eu nesse momento! A cinco minuto atrás estava eu no conforto do meu sofá assistindo televisão com meu pai e meu irmão e tenho uma surpresa, entre em cena um dos comerciais comemorativos dos 150 anos da Caixa Econômica Federal, a Gloria Pires entra em cena nos apresenta o Bruxo do Cosme Velho!

Opa, eu me endireito toda, pq Joaquim Maria é um dos meus preferidos desde a sétima série quando eu li Dom Casmurro pela primeira vez e o meu amor por ele só cresce, nos últimos meses a obra dele foi uma das fontes inspiração que me ajudaram a reconfigurar meu projecto de mestrado... Estudei durante a graduação a obra de Machado de Assis na trilha de Sidney Chalhoub, mergulhei na percepção social de Machado, como ele evidencia em sua obra o carater paternalista, patrimonialista e hierárquico da sociedade Imperial.

Aprendi com Eduardo de Assis Duarte sobre o fato de ser esse homem um dos grande intelectuais afro-descentes, neto de escravos, educado dentro de um morro carioca iniciado nas arte da impressão e no mundo editorial pelo tipógrafo, editor e também afro-descendente Francisco de Paula Brito.

Machado, um homem introspectivo, carrancudo, mas que mesmo assim no 1º de Maio de 1888 saiu em carro aberto pelas ruas do Rio de Janeiro que em 1893 quando tantos já haviam esquecido a importância desse dia escreveu que:


"Houve sol, e grande sol, naquele domingo de 1888, em que o Senado votou a lei, que a regente sancionou, e todos saímos à rua. Sim, também eu saí à rua, eu o mais encolhido dos caramujos, também eu entrei no préstito, em carruagem aberta, se me fazem favor, hóspede de um gordo amigo ausente; todos respiravam felicidade, tudo era delírio. Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto."

Esse homem brilhante, diferentemente de um certo ídolo pop do século XX, pelo que me consta, nunca sofreu de vitiligo para aparecer branco em um comercial do século XXI. Eu estou definitivamente chocada, chateada e ofendida!

Eu sei que no senso comum, e no não comum também, é difícil para as pessoas imaginarem que coube aos negros e negras que habitaram o Império do Brasil um papel diferente do de escravo, até porque eu trabalhei a graduação inteira oferecendo um curso sobre Cultura Afro-brasileira e as pessoas SEMPRE se surpreenderam quando me viam falando de INTELECTUAIS AFRO-DESCENDENTES.

O Literafro da UFMG: um dos meus bancos de dados preferidos para quem quiser conferir algo mais!

 

Não é de surpreender alguém que nunca precisou pesquisar nada sobre Cultura Afro ignore que o papel de intelectual, literato, politico, artista, jornalista foi ocupado por inúmeros homens e mulheres de cor ao longo de nosso história, afinal temos ai séculos de escravidão... E como Lilia Schwarcz tão bem trabalhou no fabuloso "O espetaculo das raças" temos neodarwinismo nas costas, Antropologia criminal, racismo, preconceito... novela das oito, não vamos esquecer dela, fonte inesgotável estereótipos, MAS como pode alguém que pesquisou a vida de Machado de Assis ignorar uma particularidade tão importante a respeito do homem que ele foi?

O que significa isso?


Eu estou com minha vista seriamente comprometida ou esse actor é branco demais para representar Machado de Assis?



Não gostei desse vídeo, não aprovei, me revoltei e lamento muito sentir que ainda estamos nessa, de sentir o quão racista o Brasil é... Eu estou me sentido roubada em relação a minha história... Embranquecer Machado de Assis dessa forma é uma violência sem tamanho, me enoja!

E sim, esse post está sendo escrito mediante altos índices de ódio fulminante, raiva e o que mais vocês puderem imaginar, perdoem se houve algum excesso, se eu me furtei de ser polida em algum momento afinal discutir tudo o que diz respeito a memória afro-brasileira requer cuidado e cuidado é tudo que eu não estou com paciência de ter nesse momento, o que mais quero é desabafar minha raiva e de forma alguma eu poderia me furtar de escrever isso...

Sei que não sou ninguém no jogo do bicho, sou só mais uma educadora em formação, tentando ser a melhor profissional possível para meus pequenos, pode parecer pouco, mas para mim é muito, além do fato de que esse assunto pode não interessar a maioria das pessoas... mas para mim é importante e como esse blog é afinal de contas meu diario a educadora que sou não pode ficar com essa raiva presa de jeito nenhum, isso me sufocaria.

  O vídeo criado pela BorghiErh/Lowe para a campanha de 150 anos da CAIXA. 


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Na trilha da Jussara eu também descobri a Ouvidoria da Caixa, onde podemos reclamar, para os que por acaso também se revoltarem com o ocorrido e quiserem reclamar deixo o link: Ouvidoria Caixa!

sábado, 14 de maio de 2011

A SEMANA, 14 de maio de 1893.

ONTEM DE MANHÃ, descendo ao jardim, achei a grama, as flores e as folhagens transidas de frio e pingando. Chovera a noute inteira; o chão estava molhado, o céu feio e triste, e o Corcovado de carapuça. Eram seis horas; as fortalezas e os navios começaram a salvar pelo quinto aniversário do Treze de Maio. Não havia esperanças de sol; e eu perguntei a mim mesmo se o não teríamos nesse grande aniversário. É tão bom poder exclamar: "Soldados, é o sol de Austerlitz!" O sol é, na verdade, o sócio natural das alegrias públicas; e ainda as domésticas, sem ele, parecem minguadas.

Houve sol, e grande sol, naquele domingo de 1888, em que o Senado votou a lei, que a regente sancionou, e todos saímos à rua. Sim, também eu saí à rua, eu o mais encolhido dos caramujos, também eu entrei no préstito, em carruagem aberta, se me fazem favor, hóspede de um gordo amigo ausente; todos respiravam felicidade, tudo era delírio. Verdadeiramente, foi o único dia de delírio público que me lembra ter visto. Essas memórias atravessaram-me o espírito, enquanto os pássaros treinavam os nomes dos grandes batalhadores e vencedores, que receberam ontem nesta mesma coluna da Gazeta a merecida glorificação. No meio de tudo, porém, uma tristeza indefinível. A ausência do sol coincidia com a do povo? O espírito público tornaria à sanidade habitual?

Chegaram-me os jornais. Deles vi que uma comissão da sociedade que tem o nome de Rio Branco, iria levar à sepultura deste homem de Estado uma coroa de louros e amores-perfeitos. Compreendi a filosofia do ato; era relembrar o primeiro tiro vibrado na escravidão. Não me dissipou a melancolia. Imaginei ver a comissão entrar modestamente pelo cemitério, desviar-se de um enterro obscuro, quase anônimo, e ir depor piedosamente a coroa na sepultura do vencedor de 1871. Uma comissão, uma grinalda. Então lembraram-me outras flores. Quando o Senado acabou de votar a lei de 28 de setembro, caíram punhados de flores das galerias e das tribunas sobre a cabeça do vencedor e dos seus pares. E ainda me lembraram outras flores...

Estas eram de climas alheias. Primrose day!

Oh! se pudéssemos tem um primrose day! Esse dia de primavera é consagrado à memória de Disraeli pela idealista e poética Inglaterra. É o da sua morte, há treze anos. Nesse dia, o pedestal da estátua do homem de Estado e romancista é forrado de seda e coberto de infinitas grinaldas e ramalhetes. Dizem que a primavera era a flor da sua predileção. Daí o nome do dia. Aqui estão jornais que contam a festa de 19 do mês passado. Primrose day! Oh! quem nos dera um primrose day! Começaríamos, é certo, por ter os pedestais.

Um velho autor da nossa língua, — creio que João de Barros; não posso ir verificá-lo agora; ponhamos João de Barros. Este velho autor fala de um provérbio que dizia: "os italianos governam-se pelo passado, os espanhóis pelo presente e os franceses pelo que há de vir." E em seguida dava "uma repreensão de pena à nossa Espanha", considerando que Espanha é toda a península, e só Castela é Castela. A nossa gente, que dali veio, tem de receber a mesma repreensão de pena; governa-se pelo presente, tem o porvir em pouco, o passado em nada ou quase nada. Eu creio que os ingleses resumem as outras três nações.

Temo que o nosso regozijo vá morrendo, e a lembrança do passado com ele, e tudo se acabe naquela frase estereotipada da imprensa nos dias da minha primeira juventude. Que eram afinal as festas da independência? Uma parada, um cortejo, um espetáculo de gala. Tudo isso ocupava duas linhas, e mais estas duas: as fortalezas e os navios de guerra nacionais e estrangeiros surtos no porto deram as salvas de estilo. Com este pouco, e certo, estava comemorado o grande ato da nossa separação da metrópole.

Em menino, conheci de vista o Major Valadares; morava na Rua Sete de Setembro, que ainda não tinha este título, mas o vulgar nome de Rua do Cano

Todos os anos, no dia 7 de setembro, armava a porta da rua com cetim verde e amarelo, espalhava na calçada e no corredor da casa folhas da Independência, reunia amigos, não sei se também música, e comemorava assim o dia nacional.

Foi o último abencerragem. Depois ficaram as salvas do estilo.

Todas essas minhas idéias melancólicas bateram as asas à entrada do sol, que afinal rompeu as nuvens, e às três horas governava o céu, salvo alguns trechos onde as nuvens teimavam em ficar. O Corcovado desbarretou-se, mas com tal fastio, que se via bem ser obrigação de vassalo, não amor da cortesia, menos ainda amizade pessoal ou admiração. Quando tornei ao jardim, achei as flores enxutas e lépidas. Vivam as flores! Gladstone não fala na Câmara dos Comuns sem levar alguma na sobrecasaca; o seu grande rival morto tinha o mesmo vício. Imaginai o efeito que nos faria Rio Branco ou Itaboraí com uma rosa ao peito, discutindo o orçamento, e dizei-me se não somos um povo triste.

Não, não. O triste sou eu. Provavelmente má digestão. Comi favas, e as favas não se dão comigo. Comerei rosas ou primaveras, e pedir-vos-ei uma estátua e uma festa que dure, pelo menos, deus aniversários. Já é demais para um homem modesto.


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Ontem foi dia 13 de Maio, o Dia da Abolição da Escravidão no Brasil, por inúmeros motivos essa data não é comemorada, é mal lembrada e o mais que se possa dizer... Mas, a Abolição foi a primeira grande luta social na qual homens e mulheres brasileiras empenharam vida, trabalho, esforço e o mais que se possa pensar e venceram em esforço conjunto...


No dia 14 de Maio Machado fez publicar esse texto que ai está... Com toda humildade de minha pouca importância público esse texto por aqui.

Interrompo minha pausa para gravar aqui as letras do Bruxo do Cosme Velho, o meu primeiro amor literário afro-negão, meu primeiro chato do coração. Inesquecível como todo primeiro amor!

sábado, 31 de julho de 2010

Minha idéia de paraiso...

Livros... Não há nada que eu goste mais de comprar, de ganhar e de ter que livros... a isso recentemente descobrir que posso chamar de Bibliofilia. Minha bibliofilia é avassaladora, dominante e deliciosa.


Meu maior, mais idílico e mais saboroso sonho de consumo, depois de mergulhar em uma nuvem de algodão doce e nadar diariamente em uma piscina de jujubas, é construir para mim e para os meus uma  Biblioteca de Alexandria. Três sonhos incrivelmente infantis, eu sei!



Mas, a parte o fato de realmente meus três maiores sonhos serem extremamente infantis, imagine como seria gostoso ter uma grande, confortável e rica biblioteca, com vários clássicos da literatura, com aqueles autores menos conhecidos, mas incrivelmente competentes, com muitos livros infantis, com poesias por toda parte e uma deliciosa poltrona onde você pudesse sentar e se deixar ficar pela vida toda se assim você desejasse. Imaginou? Adicione a isso jujubas e algodão doce e você terá o meu conceito de como deveria ser o paraíso!


E sim, tem os livros preferidos... não poderia faltar nenhum deles... e sim, como eu tenho livros preferidos!!!

Costumo dizer que para cada época da minha vida eu tenho um autor preferido e um livro preferido e mais lido, pq sim, a vida se baseia em leitura e releitura, todos os bons livros que li reli ou ao menos pretendir, o único livro bom que li e que não desejei reler foi "O morro dos ventos uivantes", depois conheci uma pessoa que falou tanto desse livro que acabei relendo. No entanto, por mair que o livro seja incrivel, é claro que me arrependi de ter descumprido uma promessa pessoal... Enfim... é da vida!!! Acho que essa rejeição pelo "Morro..." faz de Emily Bronte minha primeira autora preterida, que heresia!!! E ainda tem gente que diz que tenho bom gosto!!!


Reli esse livro na Integração, as pessoas achavam que eu estava lendo a Bíblia, acho que tinha algo haver com minha cara, tem até história sobre isso!!!

Também me lembro dos meus livros favoritos, o primeiro livro que tive nessa lista foi "A marca de uma lágrima", premiadissimo livro de Pedro Bandeira. Conta a história de uma menina que se sente feia, se ela é ou não é outra questão, o livro é baseado na história de Cyrano de Bergerac e é lindo demais, assim como Cyrano, sou apaixonada por essa criatura. Isabel marcou minha adolescencia. E quando vejo as meninas apaixonadas por Crepúsculo entendo que a maior parte das adolescentes é como Isabel, uma borboleta que se sente lagarta e que a baixa alto estima é um "drama" comum a essa idade... constato isso quase com alivio, me sinto normal.


Depois de Isabel a outra menina que me chamou a atenção foi a Alice, "Alice no país das maravilhas" foi meu livro preferido por muito tempo também. Devo ter trazido ele para casa no mínimo umas três vezes por motivos diferentes e sempre pelo mesmo motivo, queria reler e pronto, afinal a vida se baseia em leituras e releituras... rsrsrs

Esse é o meu!!!

Outro livro que ocupou o topo de minha lista foi "Momo e o Senhor do tempo", a luta dessa menina que sabia ouvir contra os homens cinzentos que roubavam o tempo das pessoas, ou melhor, roubavam não, eles convenciam as pessoas a lhes dá seu tempo, me encantou de várias formas. Até hoje lembro de alguns personagens desse livro e de passagens e afins, Beepo Varredor é um personagem que caminha comigo, ele é uma das jóias mais preciosas de minha caixa, quase sempre subo a ladeira que separa meu trabalho de minha casa de costas, uma vez alguém me perguntou se eu pagava promessa, bem, não eu não pago promessa eu apenas relembro uma passagem de um livro que gosto e espero não esquecer de não correr atrás do tempo... não vale a pena o estrago.


Tiveram outros autores.... oxe, nem consigo contar... a vida é uma grande descoberta de autores preferidos, quando eu menos espero acho um novo e me assusto com o achado, me assusto, me apaixono e torno a me apaixonar... é uma questão de leitura e releitura... Como o que aconteceu com Machado de Assis, que também foi um dos meus autores preferidos por muitos anos... Memórias póstumas de Brás Cubas foi um dos meus livros preferidos, lido e relido até enjoar, nem sei quantas vezes ri com o dialogo de Adão e Eva!
Recentemente com a ajuda da História, essa ciência caprichosa e cheia de meandros,  redescobri Machado, um Machado afro-descendente ainda mais brilhante, mais irônico, mas perceptivo, mas altivo, mais digno de ser citado e relido até a exaustão.



E tem Fernando Pessoa, claro!!! Impossível esquecer, Fernando é meu autor favorito sempre, eu me apaixonei pelo homem de cara. Uma paixão que virou amor, um amor que vem durando a vida inteira, quem tirará "O eu profundo e os outros eus" do posto merecida de livro de cabeceira??? Ninguém, autores favoritos virão e irão e ele não sairá desse posto em minha vida... Meu pobre livro, surrado de guerras... tantas vezes manuseado sem pena, sem do, com paixão, com angustia, com alegria, com fúria... "Não me venham com conclusões!/ A unica conclusão é morrer"; "Quem quer passar além do Bojador/ tem que passar além da dor!"; "Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la./ E comer um fruto é saber-lhe o sentido." Gosto de tudo em Fernando Pessoa e muito mais quando ele é Álvaro Campos.

Foi o professor Inaldo que me deu "O eu profundo e os outros eus", um professor de literatura que detestava ensina, altamente depressivo, que não dava aulas e era firmemente detestado por todas as minhas amigas... foi difícil viver minha amizade com Inaldo pq as meninas não compreendiam o motivo de nossa afeição ou o tema gerador de nossas conversas, filosofia, literatura e poesia... Ironicamente o professor que detestava ensinar foi o que mais colaborou com minha formação, foi meu grande mestre, uau, no caminho das inquietações.


Inaldo foi meu mestre, sem paixão nenhuma pela docência, com cara de fastio, sempre muito angustiado, sem se lamentar, provocando, indicando caminhos, "leia isso," "pesquise aquilo", "você vai gostar desse autor", "É assim mesmo que as coisas são....", "você também pensa assim Jacilene?" (Jacilene com todas as letras, o polissílabo inteiro, não Jaci, como os outros professores costumavam usar, mostrando uma intimidade que hoje eu me pergunto se realmente existia.). A última conversa que eu tive com Inaldo foi quando fui devolver o livro, ele me devolveu e perguntou se eu li, eu disse que sim, ele disse: "Releia, uma leitura não é suficiente para apreciar uma obra!". Sou uma boa aluna, estou relendo até hoje!



Atualmente meu autor preferido é Terry Pratchett, o homem é o cara e quem foi que disse que ri de tudo é desespero??? Não é não... pq  Terry Pratchett ri de tudo mesmooooo e não vejo muito desespero nisso... ou talvez veja e não queira admitir... Adorooo...  Cinismo, ironia, sarcasmo... tudo o que tenho direito encontro na serie Discworld... Não aguento os personagens dele, todos legítimos representantes de nosso mundo de ontem, de hoje e desconfio que amanhã os personagens de Pratchett ainda servirão para representar o que vivemos, sonhamos e cremos.


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Enfim... escrevendo nesse blog descobrir que posso me divertir escrevendo sobre coisas que gosto, já fiz isso outras vezes e hoje tive vontade de fazer uma vez mais... taí, escrevi sobre os livros que gosto só pelo prazer de escrever e falar sobre eles... foi bom... mais uma de minhas muitas leseiras... espero não ter cometido muitas heresias literárias em meus comentários e na grafia dos nomes dos autores.


Não citei a Bíblia pq ela é meu livro sagrado, quando eu estava aprendendo a ler praticava a leitura com a Bíblia, as primeiras letras identifiquei nele, caminhei com ela a infância inteira entrando pela adolescencia e marcando os dias de minha mocidade... Como diz a letra de um carinho que cantamos com as crianças: "B-I-B-L-I-A é o livro do meu Deus/ B-I-B-L-I-A eu tenho no meu coração B-I-B-L-I-A/ BÍBLIA!!!". Minha Bíblia é meu manual de vida, onde eu vou ela vai e não é como um objeto que trás sorte ou proteção e sim como um objeto que faz parte de mim.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sobre meu mais novo livro... Machado de Assis Afro-descendente!

Alegria... alegria.... Solte-mos fogos... entre raivas por não conseguir mexer satisfatoriamente nesse danado desse blog e a vida cotidiana, achei que seria boa idéia falar sobre meu mais novo bebê... esse veio de longe, e demorou a chegar... mas chegou, lindo e em forma... com aquele cheirinho de livro novo e aquela capacidade de inquietar que só os bons autores e os bons livros tem.

Meu mais novo "bebê" é o livro de Eduardo de Assis Duarte, professor da UFMG,  "Machado de Assis Afro-descendente: escritos de um caramujo", trata-se de uma reunião de textos (poemas, contos, crônicas e ficção romanesca) de Machado onde ele deixa claro sua  afro-descendência.

Pelo pouco que já li desse livro, nele Assis Duarte traz um Machado de Assis que conhece sua origem e não a nega, que com seu estilho acido faz uma forte critica a sociedade burguesa, escravista que nasceu no Brasil do século XIX (claro que a escravidão no Brasil é anterior ao século XIX, mas Machado expressa em seus textos as características dessa época especificamente!!!)

O livro fez parte das comemorações pelos 136 anos da lei do Ventre Livre (1871); 119 anos da abolição da escravidão (Lei Áurea, 1888) e 99 anos da morte de Machado de Assis (1908), ou seja, não foi publicado ontem. Realmente faz tempo que eu quero esse livro, faz quase um ano, mas sempre tinha outro livro na lista e só o fato de ter que encomendar e esperar chegar já me tirava ele da lista de prioridades, mas dessa vez ele não me escapou e foi, fiz a encomenda e recebi meu lindo livro... \o/ Festa \o/ Mais um pouco de festa \o/ 

Ah, sobre Machado de Assis, deixo aquilo que todo mundo já sabe:


Neto de escravos alforriados, nascido livre no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, em 1839, trabalhou, na adolescência, como balconista e operário gráfico, foi autodidacta, passou da oficina à redação se tornou funcionário público e literato. É um dos maiores escritores do mundo, mas sempre foi acusado de "aburguesamento", denegação de suas origens e omissão perante os dramas sociais de seu tempo, especialmente a escravidão, uma infâmia... pois os seus escritos, especialmente os separados pelo profº Eduardo de Assis contradizem essa tese e deixam evidente que tanto o Machado cronista, poeta e ficcionista valeu-se de sua genialidade para fazer uma poderosa crítica do regime e da sociedade que o cercava.
\o/ "Amo Machado" \o/

Para não ser injusta, sobre Eduardo de Assis Duarte:

Doutor em Letras pela USP, é professor de Literatura da Faculdade de Letras da UFMG, coordena o projeto integrado de pesquisa Afro-descendências: raça/etnia na cultura brasileira. Autor de Jorge Amado: romance em tempo de utopia (2ª Ed. Record, 1996) e Literatura, política, identidades (Fale/UFMG, 2005), organizou diversas publicações na área de estudos literários.