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domingo, 12 de outubro de 2014

Estatuto da Criança e do Adolescente

Outro dia li um texto no qual o facebook era chamado de "besta do apocalipse". Confesso: ri muito e cheguei a concordar um pouco. Mas, como toda geminiana bem sabe, nada e ninguém é uma coisa só, todas as coisas possuem lados divergentes e convergentes, capacidade para a ternura e fúria, malefícios e benefícios e as redes sociais também tem disso.

O facebook tende mesmo a se comportar como uma besta do apocalipse sedenta de sangue e caos. compartilhando as indiscrições alheias. Mas, também tem seu lado A, seu lado bom.

Por exemplo, hoje encontrei nos descaminhos do "quase sempre insuportável" face a pagina do "Conselho Superior da Justiça do Trabalho". Na "Semana do Dia das Crianças" eles resolveram destacar alguns artigos que servem como premissa para o combate ao trabalho infantil" e, na minha opinião, para outras coisas também.

O Brasil e os brasileiros são criaturas que em geral pouco se importam com a infância, ou melhor, pouco se importam com a infância pobre e a pequena infância carente. O "Bolsa Família" garante a frequência escolar de milhares de crianças em todo território nacional, porém é apelidado carinhosamente de "Bolsa Esmola"; a escola pública não é prioridade e quando se fala em creches as pessoas defendem que a creche é "importante para as mães que trabalham" e não para as crianças.

Para as crianças pobres e a pequena infância carente tem sobrado o pior pedaço do bolo dos recursos públicos. Quem se compromete em lutar pelos direitos deles costuma ouvir coisas como: "Seu trabalho não tem futuro!"

Como educadora coleciono pequenas derrotas diariamente. Para cada passo dado a frente muitas vezes é preciso dar dois para trás. Me pego imaginando o quanto as pessoas que me antecederam também sofreram derrotas em suas lutas.

Mas, como nem só de derrotas vivem os que batalham por um mundo no qual a infância seja respeitada, nós temos o "Estatuto da Criança e do Adolescente" (ECA), lei nº 8.069 de 1990, um conjunto de normas que tem como objetivo a proteção integral das crianças e adolescentes.

Muita gente se recente dele, muita gente desconhece ele, muita gente luta contra ele e clama por "Redução da Maior Idade Penal" antes de clamar por "Respeito ao Estatuto", "Respeito aos Direitos das Crianças". Combater o menor infrator nunca vai produzir um mundo mais pacifico, combater aquilo que produz o menor infrator já é outra história.

Compartilho, guardo, aqui os artigos destacados pelo "Conselho Superior de Justiça do Trabalho" com a esperança de que cada um de nós consiga fazer algo a respeito cada vez que ver uma criança em estado de fragilidade social. Que possamos travar pequenas lutas a favor das crianças diariamente e que junto com as muitas derrotas venham também vitórias tão grandes quanto a construção e aprovação do ECA foi em 1990.

Ah, deixo também meu obrigada a cada cidadão que militou em favor do ECA, se a vida das crianças já é dura com ele, imagina sem!





quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Uma pequena nota sobre a educação pública!

De repente o teto da sala pode cair.
Você pode chegar e encontrar sua turma desconfortavelmente instalada no refeitório.
Um curto-circuito pode ocorrer na cozinha e você ter que sair do refeitório para o patio externo, afinal na sua cidade a primavera é verão e sem ventilador não dá!
No patio externo você pode se pegar tirando uma barata das mãos de uma de suas crianças.
Quando você pensar que não, de repente pode chover e ai é correr com todas as crianças de volta ao refeitório - graças aos céus a luz foi religada.
Mas, ai descobre que o banheiro está entupido novamente e, antes de dar um jeito naquilo, se pergunta: "Isso é um banheiro ou uma fossa?".
De repente você se pegar deixando as crianças assistirem episódios de "Peppa Pig" como se não houvesse amanhã, enquanto vai executando com as estagiarias o ritual do banho individual.
Para não variar, sua equipe é a última a largar, porque um terço dos pais de seus alunos fazem absoluta questão de chegar exatamente no último minuto da tolerância estabelecida pela instituição.
E você precisa escrever esse desabafo, afinal amanhã tem mais e você não pode surtar, pois surtar não conserta teto ou instalação elétrica, limpa patio, desentope banheiro, conscientiza pais e mães a respeito do fato de que você larga as 18:00 horas e não as 18:05, 18:10 ou 18:15 ou faz com que os administradores da cidade-estado-país olhem com olhos de amor para a escola pública!

Em resumo:

"Quando você pensa que já viveu o pior, acredite em mim, você está sendo muito otimista!
Quando o assunto é educação publica em Recife-PE-Brasil, nada pode está tão ruim que não possa piorar!"

domingo, 13 de abril de 2014

Mais Macho...


Hoje acordei ouvindo Luiz Gonzaga. Já passava das nove da manhã e meu irmão decidiu escutar algumas músicas do velho mestre. A música responsável por me fazer atravessar a barreira entre o sono e o despertar chama-se "Paraíba masculina" e mal abri os olhos, minha mãe sorriu para mim e entre o riso jogou um "Olha Rita!". Voinha Rita era paraibana, minha mãe me acha parecida com ela psicologicamente e emocionalmente e semana passada eu fui, após uma reunião tensa, honrada com o titulo de "Mais Macho...". Então já acordei sorrindo para a nova semana.

Não me escapa que atribuir a uma mulher capaz de enfrenta uma situação desafiadora com burrice mal-calculada coragem o titulo de "macho" e a um homem covarde o titulo de "mulherzinha" evidencia o imenso machismo da cultura pernambucana. Mas, é reconfortante ser associada a Dona Rita, ela era autentica e corajosa. Autenticidade e coragem são coisas das quais ando precisando. Não tenho um sertão para atravessar carregando meus sete filhos, mas tenho desafios a enfrentar e eles me dão medo.

Aliás, meus últimos tempos tem sido demasiado marcados pelo medo. Tenho repensado constantemente minha escolha profissional pela docência e até que ponto essa foi uma escolha acertada. Não tenho me sentido uma boa professora! Tem sido difícil enfrentar dia após dia algumas turmas! Eu sinto como se estivesse me afogando e não há quem me ajude a respirar! Acho que vou sumir ou desaparecer! Fazia tempo que eu não ouvia tanto Duvet...

Investi tanto de mim, minha força, tempo, sono, atenção e cuidado nessa profissão que tenho dificuldades em acredita que escolhi errado. E se escolhi errado, preciso de uma nova escolha... Mas qual? Eu não tenho medo do escuro, mas me pego pedindo "por favor deixem as porcarias da luzes acesas". Queria muito ter certeza de que tudo não foi simplesmente "Tempo Perdido".

Talvez por tudo isso, mesmo não ignorando o machismo, ser adjetivada como "mais macho...", me fez feliz. Me fez crer, por alguns instantes, que talvez eu não esteja tão fragilizada quanto penso. Ainda tenho folego para "ser" qualquer coisa de resiliente e decidida.

Ah, falando de decisões, é preciso lembrar de não esquecer algo fundamental: dia 16 começa mais uma edição do Bookcrossing Blogueiro. Novamente um grupo de pessoas estará espalhando literatura por alguma esquina, curva, banco de praça, ônibus ou derivados. Se passou aqui, leu esse desabafo, mas não conhece a ideia, clica na imagem e confere como funciona. Você corre o risco de gostar!

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Mantra para 2014!


A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha! A gente não pode consertar o mundo sozinha!
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Vamos ver se assim eu faço menos burrada ano que vem. Eu lembro que as vezes não vale a pena remar contra a mare. Eu lembro que tem coisa que não da para conserta. Tem brigas que não valem a pena começar e as vezes ganhar pode ser pior que perder...

Eu as vezes odeio ter escolhido algo como educação para a minha vida... Burra... burra... burra... mil vezes burra escolha... Eu devia ter escutado meu professor de História.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Do que se diz sobre quem não ler...

É engraçado, o Brasil definitivamente não é um país de leitores. Sim, eu quero que o Brasil venha a ser um país com mais leitores, luto por isso, faço campanha, divulgo idéias e tudo e tal.

Acredito na ideia de ser a leitura um jeito interessante de adquirir conhecimento e cresce como ser humano. Desde os sete anos sou apaixonada pela leitura e isso é tão central que minha mãe lembra minha primeira palavra lida e não lembra a primeira palavra falada.

MAS...

Eu me pergunto todos os dias se para exaltar as possibilidade da leitura é preciso mesmo desqualificar, desvalorizar, ridicularizar, menosprezar e classificar como menor toda e qualquer cultura que não seja escrita.

Me perdoem, mas eu não consigo deixar de me irritar quando vejo coisas como:


Ou:


Sinceramente, o habito de ler em si não nos torna mais humano que uma pessoa que não ler.

Gostar de ler não nos torna superiores a nenhum outro ser humano na terra.

Manipular a norma culta como se tivesse engolido a gramatica não nos torna seres elevados, nobres e justos.

Pessoas que não leem pensam sim e como pensam, sentem, lutam, constroem coisas lindas, reflexões lindas.

Analfabetos não são idiotas feitos para serem enganados, pessoas letradas também são enganáveis, manipuláveis, vulneráveis em vários sentidos.

Sinceramente [2] o lugar no qual eu conheci o maior percentual de pessoas altamente letradas foi também o local no qual eu conheci mais pessoas traiçoeiras, mesquinhas, dadas a falsidade, sem nenhuma capacidade de ter empatia com o outro e nada confiáveis.

Eu DETESTO esse suave desprezo que as vezes percebo nas pessoas letradas em relação as iletradas.

E nesse meu momento de mal humor reafirmo algo que já disse antes:


"Eu não acho que ler apenas expulse do espirito de alguém a ignorância.... Conheço tanta gente altamente letrado, com títulos e mais títulos que é um poço sem fundo de ignorância.

Conheço gente que ler tanto e não tem caráter, humilha, massacra com uma facilidade tremenda pessoas que não tiveram acesso a uma formação igual a sua.

Ler é bom, alarga os horizontes, eu não sei o que seria de mim sem a leitura, MAS, existem coisas que os livros não ensinam.

Limites, empatia e senso de responsabilidade por exemplo, nenhum livro me ensinou isso.

Quem me ensinou limites foi meu pai que não foi além do primeiro colegial e aprendeu a ler motores, rodas e estradas e não livros.

Empatia, essa coisa que te faz cuidar dos mais frágeis quem me ensinou foi Voinha que era analfabeta.

Senso de responsabilidade foi Dona Gilda, Mãe, quem me ensinou e nunca a vi com livro algum.

E a suavidade de um beijo, a força de um abraço, a alegria de ouvir uma voz querida a de ser ouvido por alguém foi minha mãe quem me ensinou e ela apenas terminou o ensino fundamental e desde que se tornou mãe abandonou os romances da Nova Cultural."