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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Um encontro com um amigo querido!

Interrompendo a programação oficial desse blog para Agosto - programação essa que talvez se estenda por Setembro - preciso dizer que encontrar amigos queridos são daqueles pequenos prazeres que fazem a vida valer a pena e podem resgatar a bem aventurança de um dia difícil.

Por exemplo, sexta-feira foi um dia tenso na minha vida de educadora infantil, cheio de pequenos inconvenientes inconfessáveis em qualquer rede social... Afinal, como já disse uma vez a querida Marise do Filial de Marte, hoje a internet é vitrine e não um buraco negro nos qual podemos gritar a vontade. Posso dizer apenas que sai depois do meu horário deixando para trás uma gestora muito irritada.

Aparte o terror do dia, a tarde de sexta foi premiada pelo encontro há muito agendado e eternamente adiado com o Alexandre. Marcamos na frente do Passo Alfandega para posteriormente dar uma olhadinha em dupla na Cultura.


Uma peculiaridade do Passo Alfandega é que a Prefeitura da Cidade do Recife há alguns anos decidiu colocar na frente dele a estatua de Ascenso Ferreira, um poeta recifense muito querido por mim desde os tempos de adolescente.


Ele é autor de um dos poemas mais geniais que conheço, sei decorado, mas nunca consigo praticar:
Hora de comer, - comer!
Hora de dormir, - dormir!
Hora de vadiar, - vadiar!
Hora de trabalhar - Pernas pro ar que ninguem é de ferro!
(Ascenso Ferreira)
Como cheguei antes do Alexandre fiquei ali sentada ao lado do querido Ascenso, fitando o curso do Rio Capibaribe e pensando:
"Que a vida passa...
(...) Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses."
(Fernando Pessoa)
Acabei tirando fotos do Rio Capibaribe com esse meu jeito improprio para tirar fotos e essa minha câmera barata que eu adoro!


"Ó macio Capibaribe ancestral e mudo, pequena verdade onde o céu se reflete!" Não tem jeito, normalmente eu lembro muito de Fernando Pessoa quando paro na frente do Capibaribe e na maré alta de agosto e com esse vento todo então nem se fala. Ah, também lembro do Salmo 46:
"Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo."
(Salmo 46:4)
Um rio realmente alegra o coração de uma cidade e mesmo o Capibaribe não sendo divino ninguém poderá dizer que ele não é limpo... A julgar pela quantidade de rins pelas quais essas águas já passaram, passam e ainda passarão devem ser limpíssimas!

Enfim, parando de devanear, depois que o Alexandre chegou e interrompeu meus devaneios fomos para a Cultura que nem merece essa propaganda gratuita, mas... é um espaço tão bom quanto qualquer loja de fast food.


Conversamos em uma tentativa frustrada de colocar a conversa em dia e trocamos presentes.


Ele me presenteou com uma edição de Crepúsculo e ganhou uma edição de Bordados. Ironicamente, embora os textos sejam tão diferentes no estilo, na forma e no conteúdo, ambos são textos escritos por mulheres que falam de forma direta ou não de experiencias delas, são histórias incrivelmente femininas. Pensar nisso me lembra uma fala de Angela Carter a respeito das muitas mulheres que contam histórias e são personagens de história:
"Por mais que no fundo sejamos irmãs, isso não significa que temos muito em comum.". (Angela Carter_103 Contos de Fadas_p. 18)
Ah, o Alexandre fez uma dedicatória afetuosa para mim:


Nós tentamos tirar uma bonita foto juntos:


E no final, antes de pegar o ônibus e voltar para casa, ainda tirei mais uma foto do Capibaribe em um inicio de noite de sexta-feira.